Home Office é sensacional! Mas é preciso certa disciplina…

Eu me apaixonei pela idéia do Home Office quando assisti pela primeria vez  “A Rede” em 1996 (!) pois é…

Angela Bennet, personagem de Sandra Bullock, era tudo o que eu queria ser. Dona do seu nariz, trabalhava diretamente com internet  (em 1996 no Brasil isso era sensacional) e pasme: trabalhava em casa!

Me apaixonei tanto que meu “nickname” no bate papo do UOL era Angela Bennet – e até hoje algumas pessoas ainda me conhecem por @ngel! Mas essa é outra história.

Eu trabalho muito em casa! Principalmente quando tenho sessões de Consultoria Online pela e-Vision (muitas vezes em Espanhol ou Inglês). Preciso silêncio e concentração, o ambiente do escritório é um pouco disperso e confesso: gosto de trabalhar em casa! Minha máquina, minha cadeira, meu escritório…

As empresas aos poucos tem se “livrado” da Mezozóica idéia que funcionário tem que estar no escritório senão não vai trabalhar.

Trabalhar de casa é uma grande vantagem para o empregado. Isso não é novidade. Mas o que estes dados comprovam é a redução de custos, retenção de talentos e o aumento de produtividade que a empresa tem quando envia parte da sua força de trabalho para um escritório em casa.

Economia de custos imobiliários: as empresas podem economizar cerca de US$ 2.000,00 por ano para cada empregado que não ocupa os espaços físicos da empresa, ou seja, se sua empresa permite que 100 empregados façam seu trabalho de casa, a economia pode chegar a US$ 200.000,00/ano. Com 25% do seu efetivo trabalhando remotamente (cerca de 320.000 empregados), a IBM teve uma economia de US$ 700 milhões em custos imobiliários. A AT&T já economizou seus 550 milhões de dólares. A Cisco, US$ 277 milhões.

Todos nós já sentimos esse peso, as empresas estão abarrotadas de gente, os espaços se tornam cada vez menores, incomodos e caros; Na última consultoria em que trabalhei no mês fatídico da minha “libertação” mudaram o mobiliário para uma bancada com 45 cms , isso mesmo… 45 cms! A explicação dos arquitetos do projeto éra que usavamos laptops e os mesmos nao ocupam muito espaço! Eu tenho 1.72 e meus joelhos viviam roxos por bater em baixo da mesa, e o rapaz que sentava ao meu lado, logo logo ia me processar por assédio sexual, pois minha coxas roçavam na dele pelo menos 3 vezes ao dia!

A Sun Microsystems que tem 56% de seus trabalhadores (cerca de 19.000) trabalhando ao menos 1 vez por semana fora do escritório, reduziu em 15% seus custos imobiliários. E concluiu que um empregado que trabalha de casa custa de 30 a 70% menos para a empresa do que os que batem ponto no escritório (dados de 2007-2008).

Retenção: Uma pesquisa da EKOS Canadá revela que entre um aumento de salário e poder trabalhar de casa, 33% dos canadenses optaria pela segunda opção. E 43% pediria demissão se fosse para mudar para uma empresa que permite o teletrabalho.

Mas isso é tão Obvio nas empresas brasileiras – principalmente T.I. ainda não perceberam isso.

Produtividade: dezenas de estudos provaram que os empregados que trabalham de forma remota de 1 a 3 dias por semana, aumentam sua produtividade em 10-20%. Matematicamente falando: a cada 10 funcionários em teletrabalho, a empresa recebe um novo empregado “grátis”!

Os teletrabalhadores da American Express gerenciam 26% mais atendimentos e produzem 43% mais negócios que seus colegas no escritório tradicional. A Compaq, empresa de computadores, documentou um aumento de produtividade de 15 a 45%. E uma pesquisa conduzida na IBM Canadá (onde 20% da força de trabalho é de teletrabalhadores) indicou que seus empregados podem ser 50% mais produtivos em ambientes fora do espaço do escritório.

Na British Telecom, a produtividade dos 9000 empregados que trabalham de forma remota aumentaram em 31%. Na JD Edwards (essa eu conheço bem…), provou-se que os teletrabalhadores são 20 a 25% mais producentes que seus colegas do escritório.

Economia de tempo: No Canadá, um trabalhador perde em horas de trânsito, uma média de 6-8 semanas inteiras de trabalho só no deslocamento casa-trabalho-casa. Em São Paulo e em outras cidades brasileiras, a quantidade é provavelmente maior.

Absenteísmo: Um canadense deixa de ir trabalhar uma média de 10 dias/ano por motivos de doença, necessidade de cuidar de crianças ou idosos, greves, problemas climáticos, etc. O teletrabalho permite que mesmo nestas condições, parte do trabalho ainda pode ser realizado. Além disso, estudos mostram que o teletrabalho reduz o absenteísmo em até 20%.

Eu sou adepta do Home Work e incentivo meus colaboradores a fazerem! Eu ganho, e eles também!

Mas para trabalhar em casa é preciso disciplina, eu aprendi alguns macetes que gostaria de dividir com vocês:

1) Tire o Pijama! Sim, eu sei é uma tentação acordar com o pijama e ficar com ele o tempo todo! Mas isso não profissionaliza a sua atuação e você mesmo vai se sentir transgredindo, quando na verdade você esta mesmo é sendo privilegiado. Eu levanto, me arrumo (como se fosse ao escritorio), pego minha xicará de café e começo meu dia no MEU ESCRITÓRIO.

2) Mantenha a rotina: O dia do “Homeworkiano” é o mesmo de quem está no escritorio. Resista a tentação de assistir aquele filminho antigo tomando café da manhã… hábitos ruins são difíceis de deixar, ainda mais quando são tão prazerosos.

Eu abro agenda, marco reuniões , falo com meus colaboradores, envio os emails, planejo o dia como se estivesse no escritório PJ (rs…)

3) Sua qualidade de vida vai melhorar: Sabe aquelas duas horas que você perde na Rebouça quando algum motoqueiro cai? Então, você já terá enviado todos os emails de respostas e já estará planejando as ações para depois do almoço.

Um dia eu estava no meu escritorio e ouvi um barulho imenso de vidro quebrado! Meu filho subiu na mesa de vidro da sala e a mesma foi ao chão! A babá desesperada tremia dos pés a cabeça, corri com ele para o pronto socorro, cheguei lá em 12 minutos. Não foi nada de mais, mas se eu estivesse, por exemplo, na Berrini levaria 2 horas para chegar; e me pergunto se a babá teria agilidade em pegar um táxi ir até o pronto socorro; talvez sim, talvez não. Eu estava lá!

Voltamos para casa e eu cheguei ainda em tempo de uma teleconferencia com um propenso cliente e mais algumas empresas parceiras; após a reunião haveria um happy hour para comemorar o fechamento do negócio. Bom, eu estava longe e happy hour normalmente vai até umas 20h30, horário que provavelmente eu estaria chegando – Me senti ISOLADA das recompensas. Não deixe o isolamento físico se tornar um isolamento profissional, cultive o happy hour, programe-se! Você ganha 2 horas por dia trabalhando em casa, use 1 vez por semana para se interar das “fofocas” do escritório ou simplemente para ver os amigos.

4) Fique longe da Geladeira! Sim, ela esta lá… você descalço, com o cinto afrouxado! NÃO!!! Eu deixo uma garrafa de café no escritório e programo minhas atividades para que não entre na cozinha mais de 2 vezes por dia!

5) Cuidado com a síndrome de Burnout !

Síndrome de Burnout é definido como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contacto direto, excessivo e estressante com o trabalho. É caracterizado pela ausência de motivação ou desinteresse; mal-estar interno ou insatisfação ocupacional que parece prejudicar, em maior ou menor grau, a atuação profissional de alguma categoria ou grupo profissional.

Entre no escritorio as 8h30, saia para almoçar ao 12h00, volte às 13h30 e encerre as 18h00 ou 19h00… não estenda seu trabalho até as madrugadas, isso é muito comum, afinal você está em casa! Esse contato constante com o trabalho causa a  Síndrome de Burnout,  muito comum em quem trabalha em casa. A rotina é sua amiga! Tenha horários e sinta-se privilegiado – não esquecido.

Tendo esses cuidados, trabalhar em casa é otimo! Faz bem! Eu adoro e me sinto novamente “Angela Bennett”.

Solange Oliveira - eCommerce Girl

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Solange Oliveira é Especialista em e-Commerce
Vice Presidente da ABComm
Socia da e-Vision e-Commerce Consulting, e-VisionVagas.com
Branding Ambassador Omni-Channel Brazil XMC
Professora MBA Estratégia em comércio eletrônico na BSP
Professora MBA Comércio Eletrônico - Impacta
Professora eCommerce School


7 Comentários

Cadu de Castro Alves
5

Olá, Angela!
Excelente artigo o seu! Parabéns!
Eu trabalhei algum tempo no regime de Home Office. Só o fato de não enfrentar horas no congestionamento já é um ganho na qualidade de vida absurdo, ainda mais para pessoas que residem em grandes cidades como o Rio ou São Paulo, onde o trânsito está a cada dia pior. O tempo que eu “ganhei” por não gastar mais horas no trânsito, eu fazia uma atividade física ou até mesmo um passeio para relaxar.
Porém, como nem tudo são flores, eu também tive muitos problemas que comprometiam o meu cotidiano:
– interrupções de familiares ou empregada;
– quem tem filhos, principalmente pequenos, sofre ainda mais, pois é difícil para uma criança entender que você está em casa trabalhando;
– barulhos na vizinhança
– isolamento: esse ponto eu creio que seja o pior de todos. Mesmo tendo a internet para que possamos manter contato com as pessoas, nada substitui o tete-a-tete, e isso me fazia MUITA falta. Uma paradinha para um café ou um cigarro com uma boa companhia? Praticamente impossível quando se trabalha em casa.
– Falta de um local adequado para atender clientes: por mais que você invista numa ótima infra-estrutura ou que esteja cada vez mais comum esse tipo de regime de trabalho, o home office não se adequa bem a todas as atividades. E mais: ter um endereço comercial de referência é muito diferente de usar um endereço residencial. Imagine colocar no seu cartão de visitas: Rua João da Silva, 900, bloco 2, apto. 101 – Vila Madalena? Eu mesmo já deixei de contactar alguns profissionais só por não sentir firmeza no endereço.
Além do que eu citei, tem a questão da disciplina e concentração. Nem todas as pessoas possuem essas características e, para as que não têm, é muito difícil adquirir esses hábitos.
Há pouco mais de um ano, conheci o coworking, que são espaços compartilhados que servem como alternativa para pessoas que desejam trabalhar por conta própria ou fora de um escritório tradicional, mas num ambiente com uma atmosfera mais bacana, com profissionais de diversas áreas e infra-estrutura completa.
Para as pessoas que não se adequam ao regime do Home Office, mas que também desejam “fugir” de um escritório tradicional ou ainda, dos itens que eu citei anteriormente, o coworking é uma excelente alternativa. Tenho muitos clientes que dividem seu tempo entre o Home Office e algumas horas aqui no espaço para dar uma esfriada na cabeça, fazer novos contatos e respirar novos ares.
Mais uma vez, meus parabéns pelo ótimo texto!
Sucesso para todos vocês!

Guilherme
6

Parabéns pelo artigo Angela,
Como um membro da geração Y concordo com tudo isso! Na empresa em que atuo, uma grande multinacional, podemos trabalhar em casa apenas em excessões. Os funcionários, em sua maioria mais velhos,d izem que não produzem nada e se distraem fácil, porém, acredito que isso é apenas um problema de organização, no escritório tenho muitas outras distrações.
Enfim, estou disponível para futuras oportunidades e desafios no regime Home Office, caso precisar de um profissional de T.I de 23 anos com 4 anos de experiência na área, me contate 🙂
Guilherme

Cristiane
7

Adorei seu artigo.
Certíssima.
Trabalhava em home Office e estava bem, rendia bastante, fazia atividades físicas, era feliz.
Mas uma politica austera e retrógrada passou a exigir dos servidores na instituiçao em que trabalhoque batamos ponto, inclusive entrada e saída de almoço.
Pior: trabalho por meio de processos eletrónicos, que posso acessar de qualquer computador, e sou obrigada a me deslocar ao centro do rj todos os dias, mesmo sabendo que naquele dia nao recebi nenhum processo, pois posso consultar na noite anterior os processos que virão no dia seguinte.
Estou estafada e descontente. Na minha opinião, o home Office, quando nao existe qualquer justificativa para exigir a presença do empregado no local de trabalho ( casos em que se pode realizar o trabalho a distancia), eh um direito do trabalhador, que decorre da função social do poder diretivo do empregador e da dignidade humana.
Nao eh pq pagam seu salário que podem fazer exigências injustificadas.

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