Dilema: O gerente de projetos deve ou não ter conhecimento técnico?

Conversando com colegas em diferentes empresas, perguntei se os gerentes de projetos se envolvem com a solução técnica a ser implementada. As respostas foram: Não e Sim.

Não, pois, de acordo com o PMBOK, o PM (Project Manager) não tem tempo para dispender na execução e implantação do projeto. Ele precisa cuidar do contrato, dos prazos e dos eventos, além das vaidades dos personagens do projeto.

Sim, pois conhecendo tecnicamente a solução implantada, ele não será enganado. Conhecerá os prazos, os pontos críticos e complexos, e poderá fazer e cumprir um melhor planejamento.

Imagem via Shutterstock

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Mas quando utilizar o conhecimento técnico? A resposta é: Respeite os procedimentos e decisões da sua empresa. Se o PMO decidir que o PM deve dispender tempo no planejamento, eventos, cumprimento das metas e na comunicação com os personagens do projeto, então isso ele deve executar. Mas é tarefa do PM dispor de todas as informações e ferramentas para conseguir esses objetivos, e nesse caso, o conhecimento técnico se torna um diferencial que confere vantagem.

Quando o escritório de projetos é implantado em uma empresa, geralmente encontramos o PM como um líder de equipe, e ele precisa se desdobrar em tarefas administrativas e técnicas. Esse modelo de gestão pode ser uma opção muito econômica, mas é muito comum constatar que, em determinado período do projeto, o PM precisa priorizar tarefas técnicas em detrimento da administração do contrato, pois ele acredita que supervisionando a execução, estará trabalhando nos melhores interesses do projeto.

O gerente de projetos é versátil, mas é também um generalista. Ele pode administrar um projeto de implantação de uma usina de reciclagem de lixo ou a restauração de um quadro, sem nunca saber quais são os materiais e processos envolvidos na execução das tarefas… Até agora.

Conhecer as ferramentas, materiais e processos envolvidos na execução do projeto pode trazer vantagens para o PM, ajudando a planejar melhor e a antever possíveis atrasos no fornecimento de insumos, e não apenas se preocupar com o fornecimento principal. Um erro comum: acompanhar apenas os materiais mais críticos e de maior valor no projeto. Tudo é importante! De que adianta importar uma tinta especial para restaurar quadros antigos, e ignorar o fato que os pincéis feitos de pêlos de unicórnio albino manco não são achados no mercado local?

Mas o PM não precisa se aprofundar nos processos. Ele deve apenas conhecer os meandros e malícias da execução, e não se orgulhar que já planejou tempo extra para a execução. A implantação do projeto é tão importante quanto o planejamento e até a venda em sí, pois o departamento comercial faz a venda e assina o contrato, mas a implantação do projeto é quem reconhece a venda, ou seja, transforma números em dinheiro na conta!

Para o PM, aprender deve ser uma tarefa agradável, e tudo o que ele experimentar nos projetos que administra, será acrescido em sua cultura técnica. Terceirizar preocupações está saindo de moda.

E você. O que pensa disso?

Marcelo Ribeiro de Almeida

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Gerente de Projetos - Telemática.
Formado em Gestão de TI - UNIP;
MBA em Gerência de Projetos - UNIP;
Gestão de Pessoas - IBMEC;
Certificado ITIL V3 Foundation e estudando PMP;
Colaborador dos times de tradução do Linux Ubuntu e WhatsApp.


8 Comentários

Jefferson
1

Esse é um ponto que sempre discordei de algumas literaturas. Muitas enfatizam que o PM não precisa ter conhecimento técnico sobre o projeto que está gerenciando. Porém, acredito que o conhecimento técnico contribui não só para “não ser enganado”, mas para poder planejar melhor o projeto e prever os riscos. Sem o conhecimento técnico acredito que o PM fica refém do responsável técnico do projeto. Eu não me sentiria tão à vontade com isso. Talvez viver essa experiência mude meus conceitos,mas hoje não consigo pensar diferente.
Um abraço.

kahuera
3

Olha eu sigo a visão do PMBok.
Pelo que vi na academia, nos 4 anos do curso de Sistemas de Informação, foram professores incentivando implementações em um pequeno espaço de tempo, sem metodologia , documentação , análise de requisitos, nada. Basicamente diziam a entrada e a saída que deveria aparecer.
No desespero para fazer trabalhos, tudo era feito de qualquer jeito, afinal se não entregasse no prazo era zero.
Então criou-se a cultura do jeitinho, de tentar implementar qualquer coisa, sem documentação, planejamento, método , otimizações nada, só se tentava obter a saída desejada e pronto.
Os melhores programadores da turma, eram pessoas extremamente difíceis de lidar além de serem geniosas.
Essa massa de acadêmicos, sabem muita teoria, mas não seguem métodos, só servem para serem liderados.
Acredito que um líder do estilo técnico mais dificulta do que ajuda no projeto, pelas experiências que tive o melhor é um gerente que não seja da área técnica, pois o oriundo da área técnica tem uma visão mais limitada das coisas.

Adalberto Olegario
4

Marcelo, o tema é polemico e foi muito bem colocado parabéns pelo post, mas vamos la um PM precisa ou não ter conhecimento técnico?
Olhando o lado teórico da coisa não, pois sua função é de gerenciar prazos, valores, contratos e pessoas etc.
Por outro lado como já foi citado acima em outro comentário é extremamente difícil se gerenciar bons programadores ou uma equipe extremamente técnica sem estar ao mesmo nível deles isso se referindo ao conhecimento técnico dos mesmos.
Seria como dizer que não é possível um engenheiro civil coordenar e realizar a construção de um edifício sem nunca ter colocado um tijolo em toda sua vida, sim é possível assim também como é possível um PM coordenar um projeto mesmo sem ter nenhum conhecimento técnico .
A grande diferença entre o engenheiro e o PM são as pessoas que estão sob seus comandos.
Os metres de Obras, Pedreiros e afins respeitam e admiram o engenheiro mesmo sabendo que ele não tem ideia de como assentar um tijolo.
Ja os programadores dificilmente vão respeitar um líder que não ou somente consegue escrever um “HELLO WORD” .
Na minha opinião um grande PM é aquele que além de saber gerenciar tem alto conhecimento técnico e é algo raro de se encontrar no mercado e geralmente estão empenhados a trabalho em grandes companhias e também são extremamente exigentes querem que sua equipe contenham indivíduos a sua altura pois assim é muito mais fácil trabalhar a conversa flui em uma só língua, e ai o respeito é mutuo de ambos os lados o projeto anda rápido e com grande qualidade.
A grande verdade é que o mercado de T.I esta aquecido o que mais vejo hoje são profissionais de outra áreas migrando aos bandos para T.I devido aos altos salários e grande demanda, fazer o que ? paciência, quem paga o preço é o cliente acha que fez grande negocio contratando a consultoria X para desenvolver seu projeto por ser mais barata e atender o seu tempo de execução .
Mais no futuro vai verificar que o barato vai saiu caro e muito caro.
Respeito ambos profissionais os “pm” , os “Pm” e o “PM” , mas preferiria trabalhar sob o comando de um PM com escrita em maiúsculo.

Marcelo Vianna
5

Concordo em não ser imprescindível, mas a cultura do nosso país nos priva de várias vantagens. Infelizmemte precisamos ser conhecedores pra não sermos passados para trás e, sendo assim, é fundamentalque seja sim conhecer sobre o assunto. Não me refiro a ter um certificado na parede, mas ser uma pessoa experiente no cargo que vai ocupar e conhecedor dos cargos e atividades que irá gerenciar. Sabendo os limites de cada vaga, e mais, sabendo os limites de cada subordinado, é perfeitamente possível dar maior qualidade, tanto nos prazos, quanto nos produtos que serão entregues.

Davison dos Reis
6

Não sei por vocês mas o meu feeling de líder vem de quando você faz uma tarefa e tem um conhecimento adicional sobre ela, a sua capacidade de disseminar o conhecimento e ensinar o próximo como se faz já ajuda muito. E como no artigo foi destacado, o conhecimento não precisa ser aprofundado, mas sim ao nível de sabermos quando estamos “entrando numa fria” e acionarmos os alertas.
Claro que o gerenciamento em projetos é um conjunto de conhecimento em várias áreas mas creio que o diferencial é saber sobre as partes técnicas do seu projeto.
A qualidade e riscos são muito mais monitorados quando temos o conhecimento em campo.
Abraços,

ROBERTO
7

Apenas um ponto a acrescentar na discussão do tema, no processo “Estimar as durações das atividades”, uma das ferramentas apresentadas é a “Opinião especializada”. Uma alternativa para o gerente de projetos é utilizar a opinião de um especialista para obter a estimativa para as atividades. Por exemplo, um consultor ou um líder técnico com conhecimentos de java poderá ser o responsável por esta estimativa. Quando o gerente de projetos precisar envolver um especialista na estimativa, ele deve colocar esta necessidade nos planos do projeto e alinhar com as partes interessadas.

Artur Alves
8

Bom tema, trabalho no setor de Petróleo e Gás e Construção Civil, e vejo que é bem comum as empresas utilizarem o GP para tocar obras e com equipes bem diminuídas penso que seja por causa da crise no setor. Também observo que é constante observar que no recrutamento se pede a graduação técnica, MBA em GP e mais proficiência em linguas que neste setor dificilmente serão utilizadas, as vezes é deixado de lado a certificação PMP ou outras que sacramentam as habilidades do GP. De acordo com o PMI o GP deve se preocupar em fazer o Gerenciamento do Projeto e ter uma equipe de especialistas para o apoio necessário.Tive experiência no mesmo setor fora do Brasil e seguem mais a cartilha do PMP, utilizam Gestores nas posições corretas e os técnicos da mesma forma. Para finalizar penso que aqui no Brasil fazemos certas adaptações que acabam por sobrecarregar o GP que nem faz uma coisa nem outra trazendo prejuízos para o projetos como um todo.
Artur Alves
Gerente de Projetos PMP

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