10 Coisas que ninguém te conta sobre o e-Commerce (e você têm que saber!)

A atividade Digital no Brasil é relativamente nova, e ainda é um buraco negro de normas, regras e leis.

O que é divulgado é que com pouco dinheiro se consegue ter um negócio online e ficar rico; isso não é verdade. Como qualquer negócio, digital ou não, é preciso investir para ter  a possibilidade de sucesso.

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Em Abril a Revista Exame publicou a história da Netshoes contando a trajetória da Loja Virtual ; é fácil notar que nem tudo foi festa. Erros e acertos fazem parte de qualquer história de negócio e não foi diferente para a Netshoes! <Leia mais Aqui>

Existem pontos muito importantes para quem vai começar uma atividade de venda online. Elencamos 10 que devem fazer parte da estratégia de qualquer empreendedor digital:

1 – MAGENTO não é Gratis! é Open Source

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Existe uma grande confusão no Brasil sobre o Magento. O Magento é um sistema open-source de e-commerce que está se tornando cada vez mais popular por sua incrível lista de características, porém, é preciso lembrar que é um produto feito para o mercado internacional, que não entende nossos impostos e características regionais. Você consegue “baixar” o software e usar, mas terá que ter um desenvolvedor, um hosting, um designer e um administrador, pois pela complexidade da ferramenta será necessário ter esses profissionais para colocar o projeto “em pé”, não esquecendo da infraestrutura para fazer uma loja Magento funcionar bem; com servidores Windows e Linux.

As agencias de marketing têm se especializado em fazer o design das lojas, porém, observe bem os contratos, certifique-se sobre as formas de pagamento oferecidas (normalmente apenas PagSeguro), nota fiscal eletrônica, controle de estoque, softwares de fraude, etc. Normalmente esses são “módulos” que devem ser adquiridos, e cada um tem o seu preço!

Uma loja customizada Magento, com design de agencia e com método de Pagamento PagSeguro, sem nota fiscal eletrônica integrada, sem controle de estoques integrado, sem software de fraude integrado, têm preço médio em São Paulo de R$ 9.000,00 a R$ 22.000,00

Você mesmo pretende fazer a instalação e integrar? Terá que estudar bastante! Não é impossível, mas levará algum tempo, e você se desviará da sua posição de Lojista Digital para a de Desenvolvedor de Loja Virtual.

2 – Existem apenas 8 profissionais certificados em Magento no Brasil

A Magento não tem escritório no Brasil, tão pouco cursos oficiais. As pessoas que trabalham com Magento, em sua grande maioria, aprendeu com documentação produzida pelos próprios desenvolvedores e nos Fóruns, grandes aliados de quem implementa uma loja Magento.

A certificação é cara e pelo que dizem, difícil! A começar pelo idioma – toda documentação do treinamento e da prova é em Inglês. Um Curso Magento feito online tem o custo por módulo de US$ 800,00 até US$ 1.950,00, dependendo do módulo escolhido. Isso explica em parte os poucos profissionais certificados no Brasil.

Isso traz muito amadorismo para o mercado e para quem é da área a palavra RETRABALHO é constante quando se fala em lojas virtuais Magento.

3 – Sim, loja virtual – apesar de virtual – precisa de endereço, telefone e CNPJ

Isso já era uma diretriz , e virou lei em 2013 .

A partir de 14 de maio, entra em vigor o decreto nº 7.962, que faz parte do Plano Nacional de Consumo e Cidadania e foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff. Entre várias novas regras para o comércio eletrônico, o decreto diz que todo Loja Virtual tem que divulgar em seu endereço digital seu Endereço Físico, Telefone e CNPJ.

4 – Para usar um Gateway de Pagamento (Pagseguro, Pagamento digital, Moip, etc…) é preciso pagar!

Isso é sempre uma surpresa para os empreendedores iniciantes – para oferecer pagamento em Loja Virtual é preciso pagar por isso!

A análise de custo pelas transações financeiras da Loja Virtual tem que estar mandatoriamente no Planejamento Financeiro, faz parte inclusive da composição do preço público. Estratégias de parcelamento são muito importantes para alavancar vendas, porém, analise e compare os custos para oferecer esse parcelamento.

Para oferecer, por exemplo, parcelamento em até 12 vezes no cartão, os Gateways Brasileiros cobram percentuais entre 18% e 21% do valor da transação!

Então, qual a vantagem em se operar com um Gateway? a) Segurança, os Gateways já tem incluso em seus serviços o controle de fraude  b) O Brasileiro se sente seguro quando há a presença de um Gateway, porque ele oferece aos usuários ressarcimento se houver algum problema com a entrega e também segurança, pois o nome e o numero do Cartão de Crédito estão protegidos por ferramentas modernas de criptografia.

5 – Softwares anti Fraude “Barram”, em média, 25% das vendas

Isso é bom e ruim. Os Softwares de Fraude tem como sua taxa de sucesso o número de suspeitas de fraudes detectadas. Em períodos de grande volume de vendas online, tais como Dia das Mães, Dia das Crianças, Natal, etc, o volume de vendas barradas por suspeita de Fraude chega a 25% .

Para o empreendedor virtual que precisa vender, esse numero é alto! Se por um lado garante que empreendedor não terá dores de cabeça com cartões clonados, roubados, etc, barrar uma venda por SUSPEITA de fraude pode trazer prejuízos e o descontentamento de um cliente que queira realmente adquirir o produto.

Os softwares de fraude trabalham com “templates” e não poderia ser diferente, porém, isso pode ser um problema para pequenos empreendedores. Por exemplo, alguns softwares antifraude barram IPs suspeitos de fraude; se em um edifício onde a internet é compartilhada houver um fraudador, é quase certo que outros compradores sejam barrados por suspeita de fraude.

Quando o empreendedor percebe esse “buraco” no seu faturamento é preciso criar processos para a “Recuperação da Venda”, enviando e-mails para a pessoa perguntando se ela tem outro cartão ou se deseja pagar de outra forma; isso é custo e deve ser incorporado ao “Planejamento Financeiro”.

6 – A produção das fotos para uma loja virtual (profissional) custa em média R$ 24,00

Quer vender online? é preciso encantar o comprador, e enquanto não é possível passar através da internet uma “sensação” de toque, precisamos pensar em formas de promover a “experiência do toque”. Como se faz isso? Com fotos de produto sensacionais e profissionais. Em alguns casos o fornecedor envia essas fotos, se isso acontecer é preciso garantir que essa foto tenha qualidade. Senão é preciso produzir! O custo de um fotografo em  São Paulo é de R$ 12,00 por click (em média). Você precisará de um estúdio também e esse tem custo médio de R$ 120,00 por hora ou R$ 7,00 por produto (em SP). Depois de tudo isso será necessário um designer para tratar a foto, o preço médio é R$ 5,00 por imagem. Se cada produto tem pelo menos 3 fotos, vá fazendo as contas do seu investimento!

A grande onda do momento são as fotos em 360 graus, nela é possível que o comprador manipule o ângulo que quer ver  “girando” o produto 360 graus no eixo. Sendo “apenas uma” imagem os custos caem um pouco. < Saiba mais aqui>

7 – Google Adwords é coisa de profissional

Não é incomum ouvir histórias de gente que fez sua própria campanha e viu R$ 5.000,00 ir embora sem ao menos 1 venda na loja virtual.

Apesar de parecer simples, as campanhas de Adwords e também mídia digital (Facebook, e-mail marketing, blog , etc..) devem ser feitas por profissionais para que investimentos pequenos ou grandes possam dar resultados SEMPRE!

Não tente fazer sozinho. Consulte sempre um profissional na área.

8 – Para vender para alguns estados do Nordeste você terá que pagar ICMS 2 vezes

Parece inconstitucional, e é, mas é isso mesmo. Em vigor desde 01 de abril de 2011 o protocolo 21 diz que, em reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) por 19 estados (Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia e Sergipe, Mato Grosso do Sul e Tocantins), além do Distrito Federal, permite que produtos enviados por outros estados a qualquer um dos 20 signatários, estejam sujeitos à cobrança do ICMS também no destino, resultando em dupla tributação.

De um forma simples tudo isso quer dizer que: A constituição diz que o ICMS é recolhido no Estado de Origem, mas os 20 (vinte ) estados mencionados não reconhecem parte do ICMS recolhido em São Paulo, então é preciso pagar novamente.

9 – Um projeto de e-Commerce, assim como uma loja física média, tem investimento médio de R$ 180.000,00

É incrível como ainda vemos pessoas divulgando que não é preciso investir nada para ter sucesso online. Todo empreendimento precisa de investimento, seja ele online ou não. Veja abaixo vídeo do PMEG mencionando o sucesso de empreendedores digitais e seus investimentos.

Comparativo Loja Física  e Loja Virtual

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10 – Você vai trabalhar muito!

É uma reclamação recorrente – quem tem negócio online não para nunca!

No começo, em um negocio pequeno, pode ser que o empreendedor consiga administrar sua loja virtual no final do dia, após o seu trabalho, mas o sinal do sucesso será quando isso não for mais possível. Loja Virtual não fecha nunca, e é por isso que ficar atento o tempo todo é parte da rotina, dependendo inclusive do produto, por exemplo: SexShops começam a vender após o horário comercial, e isso é fácil de entender! Os compradores não conseguem acessar o conteúdo de lojas virtuais quando estão no trabalho, mas um comportamento novo tem levado negócios digitais do mercado de brinquedos para adultos a trabalharem com sua equipe e atenção total também nos períodos da tarde! Os relatórios mostram que é o horário que as mulheres que não trabalham (donas de casa) acessam os conteúdos “proibidos”!

Imagem via Shutterstock

Solange Oliveira - eCommerce Girl

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Solange Oliveira é Especialista em e-Commerce
Vice Presidente da ABComm
Socia da e-Vision e-Commerce Consulting, e-VisionVagas.com
Branding Ambassador Omni-Channel Brazil XMC
Professora MBA Estratégia em comércio eletrônico na BSP
Professora MBA Comércio Eletrônico - Impacta
Professora eCommerce School


7 Comentários

Eduardo
2

É da para ver que não se pode começar simplesmente por começar. Ter uma loja virtual, o empreededor deve ter estratégia, planejamento e muito conhecimento na área para não dar errado, e tem gente que acha que ter loja virtual é fácil basta cadastrar um produto e ver o dinheiro chegar, a se fosse simples assim.
Muito bom o artigo.

Regina
3

Maravilha! Não sabia de muitas coisas! Gostaria de uma matéria de vocês sobre o tal ‘trabalhe em casa’, esse sistema de divulgação que está se espalhando e prometendo ganhos estratosféricos pela internet! Obrigada!

Newton
4

Não concordo com uma série de coisas que foi dita. Já desenvolvi dezenas de lojas virtuais que investiram muito pouco no começo (muito pouco mesmo!) e, à medida que o negócio foi crescendo, foi se investindo mais para a expansão do negócio. Muitas dessas lojas virtuais são hoje grandes cases de comércio eletrônico no Brasil como, por exemplo, Anna Pegova, Giuliana Flores, Ri Happy Brinquedos e dezenas de outras lojas. O investimento é proporcional ao tamanho do negócio e e-commerce não é algo exclusivo só para grandes empresas.

Alberto Moura
5

Para quem está começando, pode ser mais fácil fazer pouco investimento, sem grandes atrativos, focando no produto. E nem sempre os sites de pagamentos garantidos, como o PagSeguro, são necessários, além de ser caros. Não compro nada que exija meu cartão de crédito ou utilize sites de pagamento. Recentemente, adquiri uma coleção de DVDs de filmes antigos, daqueles que não se encontra nas lojas nem nos sites de filmes mais populares. Paguei cerca de R$ 6,00 por filme, que vinham em envelopes baratos, embora as gravações (som e imagem) e as legendas fossem de excelente qualidade. O vendedor mandava um número de caderneta de poupança, para depósito identificado. Um pequeno negócio, de baixo investimento, baixo custo, e uma margem muito boa de lucro. Outra compra online que fiz, também depositando o pagamento na poupança do empreendedor, foi de um forno solar, fabricado em SP. Baixo custo, entrega pontual, excelente produto. E bastante lucro para a empresa, que, no ano seguinte, veio ao Ceará, fazer uma exposição de seus produtos. Hoje, apenas 2 anos depois, ele está diversificando sua linha de produtos, e está crescendo muito. E começou com um blog feito em casa, a baixíssimo custo. Outra compra que fiz, também pagando com depósito na conta pessoal do empresário, foi de um livro, apenas para ver a qualidade gráfica de sua editora. Surpreendi-me com a originalidade e criatividade do romance, uma sci-fi de autor brasileiro, e com a qualidade gráfica
do mesmo. Custou-me R$ 26,00. Tenho recebido e-mails da editora, com novas ofertas. São pequenos negócios, de baixo custo inicial, que têm renda percentual muito elevada, embora de baixo valor, em valores absolutos. Estou pensando em vender meus romances, poemas e canções pelo mesmo processo, e não pretendo gastar mais de R$ 2.000,00 na decolagem. Até julho, deverei estar no ar. Depois, mando os resultados.

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