Mercado de Trabalho: Currículo ousado faz toda a diferença!

Falamos sobre currículos no artigo anterior e sobre como a ousadia pode chamar mais atenção que a mesmice (meio óbvio, não?). Agora, diretamente da sala de recrutamento, apresentamos um caso para ilustrar de que maneira a ousadia poderia ter contribuído para ampliar o valor do currículo de um candidato.

Antes de começarmos, por questões de responsabilidade e relacionamento com os leitores, faz-se necessária a inclusão de uma importante nota.

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Imagem via Shutterstock

IMPORTANTE NOTA: Este é um espaço de reflexão. O próprio fato de se tratar de um artigo livre indica que o assunto não passou pelo crivo de extensas pesquisas repletas de embasamentos científicos. Trata-se, tão somente, de opinião. As empresas são diferentes e as situações são diferentes. Portanto, se amanhã ou depois seu currículo for tão ousado a ponto de você mais perder oportunidades que conquistá-las, não venha reclamar comigo.

Agora, podemos começar.

Já ouviu falar de “apagão da mão de obra”? Trata-se da situação onde existe trabalho a ser feito mas não existe quem o faça – digo, quem o faça satisfatoriamente.

Nosso país, devido ao crescimento dos últimos anos e à deficiência na educação dos últimos séculos, vive essa fase. Todos precisam de profissionais – e o mercado de TI não é diferente – mas parece não haver gente competente o suficiente para suprir essa demanda (ou os competentes estariam escondidos por falta de ousadia?).

Na empresa onde trabalho, certa vez precisei lidar com uma situação de apagão como essa, mas por outras razões que podem ser resumidas no seguinte diagnóstico: saiu todo mundo.

Certo, não saiu tooodo mundo (eu fiquei, veja só, quanto carinho pela corporação), mas pessoas saíram em número significativo e, o que é pior, de súbito. Minha missão era a de encontrar bons profissionais em meio aos “pós-graduados em Office e Internet”.

Obs.: Se não entendeu a piadinha acima, leia o artigo anterior. Se entendeu, mas achou fraquinha, tudo bem, você está no seu direito. Não foi lá grande coisa mesmo.

Eis que surge um candidato, cujo nome será omitido para, eventualmente, no futuro, podermos dar risada sem sermos processados. Falante, simpático, como se já conhecesse todos os funcionários da empresa – um excelente início, visto que a vaga era de suporte aos clientes e esse nível de entrosamento era bastante desejável à função.

Como no currículo do aspira havia menção a um bom nível de inglês, em dado momento da entrevista perguntei-lhe se ele acreditava que poderíamos continuar a conversa neste idioma. Ele topou, não sem um certo nervosismo aparente, e iniciou, a meu pedido, um breve relato sobre quem ele era (onde nasceu, escolas que estudou, o que fez na vida etc.).

Confissão: o “nervosismo aparente” era meu também, porque meu inglês não é the best thing in the world e, naquele momento, eu não tinha certeza nem se eu mesmo seria capaz de conduzir a entrevista em inglês. Mas não importa. Essa é aquela parte onde um pouco de ousadia não faz mal. E, também, meu pedido objetivava que ele falasse o tempo todo, não eu. Ousadia, sim, mas com um pouquinho de esperteza… 🙂

O desempenho do aspira após aceitar meu truco linguístico foi tão interessante que ele foi contratado imediatamente (lembrar agora que estávamos desesperados por profissionais seria muita maldade e tiraria boa parte do mérito do candidato).

Detalhe: não precisávamos nem um pouco de inglês para a função pretendida. Mas a desenvoltura dele em outra língua me fez imaginar o que ele seria capaz de fazer em português, e a pronta aceitação do desafio na entrevista me fez supor que uma postura semelhante adviria quando dos desafios do dia a dia.

Mas, e se eu não tivesse perguntado? Teria sido criada a chance de o candidato brilhar como brilhou? Talvez não. E é por isso que um pouco de intuição me ajuda bastante na atividade de recrutador. Mas sabe o que me ajudaria mais ainda? Um pouco de ousadia.

Imagine qual não seria o meu entusiasmo, ainda na fase de seleção dos currículos para entrevista, caso eu encontrasse, em vez do cansado “inglês avançado”, algo assim: “We can conduct the job interview in English, if you like.”.

Eu bem que gostaria de ver tamanha ousadia pois, para mim, onde sobra ousadia, costuma sobrar competência.

Pense nisso.


3 Comentários

brunogdealmeida
1

Muito bom, realmente ser ousado é um diferencial. Vejo vários exemplos de pessoas ousadas e competentes que se dão muito bem no trabalho enquanto vejo outras pessoas que são competentes mas não ousam e estão estagnadas na carreira.

Jorge Roberto
2

Eu acho que esse apagão mão de obra é o reflexo de nosso país, que caminha sem direção e onde os valores como a ética e o esforço não são respeitados, mas substituídos por sujeitos orgulhosos, preguiçosos e sem visão de futuro, incapazes de planejar suas carreiras.
Pessoas que não descobriram sua vocação ou que não se dedicam para alcançá-la.
É difícil encontrar pessoas dispostas a trabalhar num país onde os direitos são mais importantes que os deveres. E onde o salario é mais valorizado do que o trabalho em si.

ISAAC
3

Olá, eu sou um profissional muito competente e ousado, porem minha ousadia muitas vezes já me deixou em maus lençóis. A minha ousadia também seguida de burrice ao estremo me deixou sem emprego durante alguns meses. Por isso aconselho sim ser ousado porque a competência e a ousadia andam de mãos dada para o sucesso profissional, eu não sei falar inglês, pra falar a verdade eu sei muito mau o português, kkkkkk. Mas me garanto no que faço porque procuro fazer com excelência o perfeito para mim é obrigatório, se fugir disso esta fora dos meus padrões. Em se tratando de clientes, eles merecem sempre o inédito. A satisfação é do cliente, a mim resta o dever de fazer bem feito. No momento estou desempregado pois pedi demissão da empresa onde trabalhava por haver recebido uma proposta de uma outra empresa, só porque é próximo a minha residencia entreguei o atual emprego e peguei carona com a crise do país, a empresa parou as contratações e eu fique olhando os navios passarem. No aguardo!

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