E o que fazer com minha genialidade?

Às vezes o problema não é falta de talento, de oportunidades, e nem de dinheiro. Pode ser que você possua os recursos necessários mas lhe falte a certeza de onde empregá-los. Porém, se existe palpite para tudo nessa vida… não existiria para isso?

No artigo anterior falamos sobre quatro níveis de competência. Lá, nossa análise se deu na gradação da quantidade de conhecimento adquirida, desde muitíssimo pouco em uma ponta até muitíssimo muito na outra.

A questão é: o que fazer com o conhecimento? Onde o aplicar?

Imagem via Shutterstock

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Lembra quando mencionamos a estupefação do rapaz diante de diversas linguagens de programação (Segundo Nível)? Então, como ele deve decidir em qual delas vai se tornar um expert? Ou, supondo isso decidido, que tipo de software ele vai desenvolver?

Existe uma grande dica que, até o fim do texto, você poderá considerar um pouco óbvia, mas como o óbvio às vezes não é tão óbvio assim, vamos insistir acreditando que valerá a pena.

Obs.: Para você perceber que é séria essa questão da “obviedade obscura”, tem até título de livro nessa linha (“O Óbvio que Ignoramos”, de Jacob Pétry) – mas este eu ainda não li, de forma que não estou recomendando, apenas citando.

Se você acompanha com regularidade nossos artigos no PTI, lembrará que em Jack TI e as tarefas mencionamos a reverenciada figura de Sun Tzu e sua recomendação: dividir para conquistar.

Desculpe se eu estou meio chinês ultimamente, mas trago hoje nosso amigo barbicha de volta pois ele tem, em seu clássico livro, um capítulo muito interessante chamado Vacuidade e Substância.

Em suas recomendações militares, já que brigar era a única coisa a se fazer naquela época sem Internet, Sun Tzu diz que devemos atacar o inimigo não onde ele possui forças – as tais substâncias – mas onde ele possui fraquezas – as tais vacuidades. E diz mais: da mesma forma, você não pode atacar utilizando as suas próprias vacuidades. Perceba que o nerd conquista a garota com a esperteza, não com músculos.

Resumindo: você deve atacar a vacuidade com a sua substância.

Temendo que essa enunciação teórica adquira contornos por demais eróticos, passaremos logo a alguns exemplos.

O que fez a Microsoft quando criou o Windows? Ou o Google, com seu buscador revolucionário? Ou mesmo a Rede Globo com suas novelas?

Essas empresas atacaram vacuidades com substâncias.

Vejamos. Em um mundo de computadores sem graça com telas pretas e letras verdes nosso amigo Bill Gates aparece com um sistema operacional cheio de belas janelas coloridas. Havia outro Windows à época? Não.* Com quem ele estava brigando, portanto? Com ninguém.

* Perdoem-me os amantes do Mac, mas 3% de participação de mercado não é competição que tire o sono do senhor Gates.

Os mais antigos na Internet devem se lembrar de alguns buscadores como Altavista e Cadê. Por falar em Cadê, cadê? Sumiram todos. Culpa de quem? Do Google. Enquanto nos antigos buscadores você tinha que cadastrar o seu site para ser encontrado – e pagar por isso – tio Google foi lá e automaticamente cadastrou a Internet inteira de graça, autorizando-se a praticamente estabelecer um décimo primeiro mandamento em nosso mundo moderno: se não está no Google, não existe.

Aranhas varrendo o planeta inteiro: substância. Concorrentes dormindo: vácuo. Com quem o Google competia? Com ninguém.

Obs.: Essa empresa é tão notável que repetiu o feito com o Android. Enquanto Windows, MacOS e Linux debatiam-se no âmbito do sistema operacional desktop a Google percebeu que ninguém estava olhando como deveria para os celulares. Pronto, hegemonia. E agora fica muito mais difícil oferecer resistência.

Não é diferente no caso da Rede Globo. Ela adquiriu tão cedo um domínio na produção de telenovelas – tecnologia, recursos cinematográficos e elenco de extrema qualidade – que agora ninguém pega mais a plin-plin (SBT tentou mas não deu, Record fica em um eterno vai e vem de profissionais e assim por diante).

Agora, pergunto: o que tudo isso está sugerindo a você?

– Que você gosta de novelas, Álvaro?

Não exatamente. Os exemplos acima sugerem que é mais fácil prosperar em áreas, condições, situações ou formatos onde já não exista um monte de gente fazendo a mesma coisa e se matando para conseguir um lugar ao sol (prometo dica de livro pertinente para o próximo artigo).

Pense comigo: sem dúvida é possível prosperar desenvolvendo mais uma montadora de automóveis, só que vai ser um inferno. Observe o tamanho dos seus competidores… Por outro lado, se você conseguisse fazer alguma coisa nova que auxiliasse as montadoras atuais, sendo fornecedor delas em vez de concorrente, sua vida seria muito mais fácil e você, possivelmente, muito mais rico.

Talvez faça mais sentido, portanto, estabelecer sua competência para atender uma nova necessidade, um mercado nada ou pouco explorado e, assim, fugir da insanidade da competição sangrenta que acaba achatando tanto a rentabilidade quanto a tranquilidade dos seus dias.

Afinal, ganhar dinheiro é uma boa, mas ser feliz também é um bom negócio, certo?

Pense nisso.

Obs.: No próximo artigo, levaremos essa estratégia para dentro da empresa onde você trabalha. Ou você nunca pensou em seus colegas como seus concorrentes? O inimigo, às vezes, não está lá fora, uuu…


7 Comentários

da Silva, Leandro Mota
2

IDEIA ou ideias!
Tive umas ideias, mas ainda espero por respostas! Contatei a Google, e outras empresas de internet! Mas não obtive resposta ainda (respostas condizentes e no meu gosto)! Umas são ideias milionárias!
da Silva, Leandro Mota – 08/09/2014, às 19:15.

Thiago
5

Parei de ler quando disse “Enquanto Windows, MacOS e Linux debatiam-se no âmbito do sistema operacional desktop a Google percebeu que ninguém estava olhando como deveria para os celulares.”

Marcos Arley
7

Ótimo artigo, se encaixa perfeitamente a minha pessoa!
Profissionais de TI sempre migram pras mesmas coisas próximos ou depois dos 30 anos. Sempre se cria uma consultoria que ficam dando serviços a grandes clientes que estamos carecas de saber. Nada contra, até porque cada um gere seu negócio de acordo com o que acredita e crê no que deve. Criatividade é a chave

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