O Bonzinho não faz Diferença

Dia desses li um termo de busca no meu blog, que me despertou grande curiosidade em saber o autor que escreveu isso: “sou bonzinho demais com meus funcionários, como mudar isso?”.

Ainda estou imaginando o que motivaria um profissional a realizar essa busca no Google. Cheguei a algumas conclusões:

  • Ele pode ter perdido o controle da equipe.
  • Os seus funcionários podem estar com baixo desempenho.
  • Os projetos podem estar atrasados.
  • Ele pode ter sido advertido pelo chefe.
  • Talvez ele tenha ouvido um comentário desagradável sobre sua gestão de alguém da empresa.
Imagem via Shutterstock

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Enfim, nunca saberei o que levou de verdade a essa pessoa a fazer tal pesquisa. Entretanto, gostaria de compartilhar um pouco da minha experiência em ser ‘boazinha’ com a equipe e o que aprendi com isso [quem sabe o autor não lê?].

Li um livro voltado para mulheres executivas, que dizia claramente que as ‘boazinhas’ nunca chegam ao topo. E, após muito analisar essa sentença vi que é verdade, porque se formos traçar o perfil de um profissional ‘bonzinho’ (esteja ele em uma posição de liderança ou não) veremos que certamente características como: alguém sem opinião própria, uma pessoa insegura, que não impõe sua presença, tem fracos (ou poucos) argumentos e, por isso, dificilmente é levada a sério pelos seus pares, e, muito menos, por seus superiores.

No começo da minha carreira eu fui extremamente ‘boazinha’ e o resultado disso foi um descrédito total da minha capacidade por parte dos meus gestores. Até o dia onde percebi que estava me autossabotando e, desde então, comecei a mudar minha atitude a fim de conquistar o respeito e o reconhecimento dos meus superiores.

Agora, voltando ao caso pesquisado, estamos falando de uma pessoa em um cargo de autoridade, ou seja, ela tem colaboradores subordinados e que precisam se inspirar em seu exemplo e na sua força para executarem com sucesso suas atividades. Se ao olhar para o gestor ao invés de encontrarem alguém mais experiente, forte, seguro que as inspirem, elas encontrarem uma pessoa que não se coloca diante das questões, que tenta agradar a todos (sempre), que não crítica, que não exige e não é admirado, fica difícil sair da zona de conforto e evoluir. O que acaba resultando em um comodismo fadado ao insucesso dos projetos e do time.

Ser ‘bonzinho’ não é mérito a ninguém. Porque pessoas com esse perfil acabam por não fazer nenhuma diferença na equipe, no projeto, na empresa.

Elas estão ali e fazem de tudo um pouco, concordam com todos, são sempre imparciais e não se expõem, não oferecem uma perspectiva diferente, não ousam pensar fora da caixa e as empresas hoje em dia querem alguém completamente oposto a isso tudo.

A concorrência, a velocidade com que uma informação é alcançada, a agilidade exigida para demonstrar resultados, só fazem aumentar a necessidade em sermos ‘Bons’ [ao invés de ‘bonzinhos’]. Precisamos ser vistos e reconhecidos – fazendo a diferença, sabendo nos impor, propondo novas ideias, tendo opinião própria e criticando de maneira sadia, quando for necessário.

Como gestor temos esses deveres ainda mais potencializados, pois, devemos evoluir nosso time, desenvolver nossos colaboradores, alcançar as metas, nos destacar como gestores e como indivíduos. E dizer não, dar um feedback verdadeiro, criticar de maneira construtiva, exigir qualidade, desempenho, tornar o time engajado não nos categoriza como “Maus”. Apenas nos coloca em uma posição de alguém que sabe seu valor, reconhece o valor da sua equipe e consegue imprimir sua marca pessoal.

Sejamos mais autênticos, mesmo que isso nos tire da zona de conforto de sermos rotulados por ‘bonzinhos’ pela maioria das pessoas.

Façamos a diferença, para melhor.

Sucesso na trajetória!

Carolina Souza

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Psicóloga (CRP 06/203773) e Especialista em Gestão de Projetos (PMP) atua há décadas no mundo empresarial. Certificada CPRE, SFC, ITIL com profunda experiência nas áreas de Engenharia de Requisitos, Análise de Processos e Desenvolvimento de Equipes de Alta Performance. Palestrante. Colunista no PTI desde 2013 sempre colaborando com artigos focados no desenvolvimento profissional dos leitores e gerentes de projetos em início de carreira.

Conecte-se com a autora em seu perfil no Linkedin e continue aprendendo sobre como crescer em sua carreira.


14 Comentários

Renata
1

Carolina, boa noite!
Gostei do tema! Acho que o difícil mesmo é ter o equilíbrio: não ser bonzinho demais e nem ser um ditador cruel com a equipe.
qual o título do livro que você citou no inicio do artigo?
abs
Renata

Fabio Aragao
2

Eu achei o artigo muito bem oportuno, e você Carolina, não perdeu a oportunidade de expressar com ampla clareza a verdade que hoje se esconde por trás do “GESTOR”.
Parabéns pelo seu artigo, e fico feliz em acompanhar este site que muito me acrescenta ( pois estou aprendendo ).

Renata
3

Boa tarde,
Bacana o tema. Também gostaria de saber qual o livro que você citou?
Abraço.
Renata

Leonardo
4

Bom tema pra discutir. Eu só não consigo pensar que o gestor “bonzinho” tenha necessariamente essas qualidades ruins informadas, pode ser que sim, mas acredito que hajam gestores “bonzinhos” com as características necessárias para um gestor e que fazem seus papeis muito bem. Vejo que alguém é taxado de “bonzinho” por ter uma relação super harmônica com seus subordinados, em um emprego antigo meu era assim. Mas o inevitável é que ninguém vai agradar a ninguém, mesmo esse meu antigo gestor sendo “bonzinho” não conseguia agradar a alguns, pois ele às vezes tinha que impor certas regras que tiravam alguns de sua “zona de conforto”. Na verdade eu enxergo ele como um meio termo entre ter uma excelente relacionamento com todos e impor as regras.

Carlini
5

Olá Carolina, Parabéns pelo artigo, achei muito interessante.
Gostaria de saber qual livro leu para poder sair da caixa do “bonzinho”, infelizmente essa é minha vida, por ser bem novo 22 anos, em um ambiente de trabalho onde a média é 29 anos, acabam não dando muito valor ao meu trabalho por favor tudo que pedem, literalmente sou o bonzinho da equipe. E almejo algo maior e sei que preciso sair dessa caixa.

Carolina Souza
6

Olá Renata,
Fico feliz de ter abordado um tema interessante aos leitores. Obrigada pelo seu comentário. O livro que mencionei chama-se “Mulheres Ousadas chegam mais longe” de Lois P. Frankel.
Abraços.

Carolina Souza
7

Olá Fabio.
Muito obrigada pelo comentário. Estamos sempre em evolução, aprendendo e trocando experiências.
Abraços.

Carolina Souza
8

Olá Renata.
Obrigada pelo comentário.
O livro chama-se “Mulheres Ousadas chegam mais longe” de Lois P. Frankel.
Abraços.

Carolina Souza
9

Olá Leonardo.
Obrigada por enriquecer nossa conversa com sua perspectiva.
Talvez esse seu antigo gestor não seja “bonzinho”, mas sim um “bom” líder, tendo em vista que cuidava da harmonia da equipe e quando precisava colocar limites ele assim o fazia propiciando o desenvolvimento do time.
Abraços.

Bruno
12

No Brasil? Ah faz sim.
As pessoas odeiam críticas e não suportam contradições. Escolhem os mais chegados, os mais legais, os “gente boa” mesmo que sejam incompetentes.
Fazem multirãozinho para botar o colega de faculdade em uma vaga que exige maior preparo, porque ele é gente boa ou “está precisando”.
É uma primeira série do ensino fundamental gigante.
A diferença é que ao invés de lanchinho do recreio, tem vale refeição para o almoço.

Angela Escobar
13

Olá!
Acredito que muita jovens como eu (23 anos) deparam-se com diversas situações em que precisam ser “más” para poder serem ouvidas. E, hoje, no meu primeiro emprego, estou com um líder maravilhoso que está sempre me ensinando sobre esse tipo de atitudes. Mas, para as pessoas “boazinhas” não é fácil agir dessa forma, pois não é natural. É preciso praticar até aperfeiçoar.
Vou atrás dos livros mencionados!
Parabéns pelo Artigo!!!!
beijos!
Angela

Carolina Souza
14

Olá Angela,
É verdade, não é fácil a prática desse comportamento. Que bom que o seu líder está lhe orientando bem em sua jornada.
Obrigada pelo comentário.
Sucesso!
Abraços.

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