Inovar na gestão é urgente – Parte 1

Trataremos de 3 temas interelacionados, em 3 artigos, assim divididos:

  1. Inovação e a nova Administração
  2. Uma geração de Novos Consumidores?
  3. SMART: Cidades Inteligentes x Empresas Inteligentes

Inovação e a nova Administração

O assunto, o tema “Inovação” é quase uma mania mundial.

E o que é essa tal Inovação?

Quais são as noções fundamentais de Inovação que a sua empresa utiliza, enxerga, valoriza?

Como disse Scott Cutter VP da Bolsa de Nova York:

– “A Inovação vai ser importante para atrair investimentos”.

Primeiro, vamos explorar um exemplo:

Você não pode mudar o DNA de um quadrúpede para bípede. Você até pode treinar a habilidade de fazer um quadrúpede ficar sobre 2 patas por alguns instantes, mas quando ele fica sozinho, ou seja, na maior parte do tempo, voltará a ficar sobre 4 patas. É o DNA desse animal.

Traduzindo para o mundo corporativo: é a sua Vocação, é o DNA da sua empresa.

Levando para a visão empresarial, para a Gestão, para a Administração, uma pergunta é inevitável:

“Com que objetivo se “inventou” a Administração?”.

Se voltarmos na história, no ano de 1890 com Taylor, seu pioneiro, o objetivo evidente era:

-Encontrar um método perfeitamente repetível, que permitisse trabalhar numa escala sempre crescente e com uma eficiência constantemente superior.

Era a necessidade da atividade fabril (Revolução Industrial) do chão de fábrica, exigindo produção em linha de montagem.

Hoje porém, para as empresas, os desafios são outros e distintos:

  • Como construir organizações ágeis que se adaptem à velocidade das mudanças globais?
  • Como mobilizar e monetizar a imaginação de cada funcionário diariamente?
  • Como criar empresas atraentes para se trabalhar?

Claramente, vemos que é impossível enfrentar esses desafios sem que reinventemos nosso centenário modelo de Gestão.

E, se olharmos de outro lado, que vem na mesma direção, e fizermos a pergunta:

– Qual o impacto da tecnologia e da globalização nas empresas?

Sem muitas reflexões, chegamos a uma conclusão simples:

A tecnologia e a globalização estão dando lugar a oportunidades que não existiam.

Em outras palavras, os problemas enfrentados pelas organizações diante do avanço desenfreado da tecnologia e a inevitável globalização, é porque essas organizações não foram desenhadas para funcionar nesse novo mundo, a Era Digital.

E que a Internet mudou a Sociedade, não há duvidas.

O que ainda resiste, e talvez os modelos de gestão, além de mudar tenham que sofrer pela experimentação nunca antes testada, é que esse novo marco, a Internet, a Era Digital, vai exigir mudar drasticamente a forma de:

  • Organizar
  • Liderar
  • Atribuir recursos
  • Planejar
  • Controlar e
  • Motivar.

Resumindo: A nova Tecnologia vai modificar a Gestão!

Ou seja, os procedimentos de Administração como hoje conhecemos, vão mudar!

E essa é uma dura realidade para a maioria dos CEO´s, CFO´s, COO`,s e todos os C´s.

Se olharmos históricamente, os grandes avanços tecnológicos sempre precederam profundas mudanças organizacionais, entre elas, as relacionadas à Gestão.

Agora a aplicação das mudanças não vai mais levar 100 anos, como no passado, mas será necessário “desativar” muitos postulados da Administração tradicional.

Lembram do velho modelo?

O velho modelo era:

“Como fazer com que as pessoas cumpram as metas organizacionais?”

Hoje nos perguntamos:

– Como construir organizações que despertem e inspirem:

  • Criatividade
  • Paixão e
  • Iniciativa?

E o mais excitante:

– Não é possível IMPOR essas capacidades às Pessoas! (e o RH? o tradicional RH? morre ou se transforma, e dá espaço para o coaching? qual será seu novo papel?)

A imaginação e o compromisso são valores que as pessoas escolhem trazer para o trabalho todos os dias, ou não!

Os pais da Administração desde 1890 com Taylor, que deram inicio a esse modelo de gestão do século 20, que alcançou maturidade a partir de 1960/70, e que prevaleceu mundialmente, levou 50/60 anos para se consolidar.

Hoje, estamos na fase inicial da nova Era, as primeiras etapas darão um novo desenho organizacional e que na linha do tempo, encontraremos problemas ainda não identificados.

E o que é mais importante:

– O que às vezes são consideradas Inovações nas organizações, mas que de repente fracassam na sua aplicação, deve-se ao fato de que se chocam com as próprias barreiras organizações atuais, que por seu modelo, desenho, fundamentos, impedem a Inovação plena, articulada dentro e fora da empresa, num ecosistema ainda não integrado a um novo modelo para funcionar.

E porque o modelo de Administração pode mudar de maneira tão radical na próxima década?

  1. o impacto da nova tecnologia com ferramentas poderosas para coordenar o esforço humano;
  2. uma demanda crescente para que as empresas se adaptem e sejam Inovadoras, além de atraentes no local de trabalho;
  3. a influência da 1. geração que cresceu ao “embalo” da web, que chamamos de Geração Y. Essa geração considera que as contribuições só deveriam ser julgadas em função de méritos e não de cargos hierárquicos ou de credenciais anteriores.

Esse modelo tradicional do século 20, baseado em hierarquias rompeu-se, não é efetivo para organizar o tipo de trabalho dessa nova geração, que não reconhece valor nesse modelo, porque nasceram e aprenderam a se organizar e se auto-gerir em comunidades virtuais e criaram critérios subjetivos com base no próprio conhecimento adquirido em contextos dinâmicos.

É uma nova forma de organizar, e é global.

E na Era Digital são essas as pessoas que geram riqueza!

Esse é um novo valor:

Colaboração, pelo pensamento entre si.

As empresas que permitem a esses profissionais canalizar seu poder mental coletivo inteligente, conseguem obter mais lucros e se posicionam no mercado com sucesso.

As empresas tendem a abrir espaço para os funcionários “fora da caixa”.

“Até em viagens não seja previsível…” Rui Porto, da Alpargatas.

A palavra é Interdisciplinar.

E pode independer de local físico, ou seja, as empresas poderão ter profissionais 100% virtuais ligados aos seus quadros de colaboradores, quer sejam operacionais ou cientistas.

Vamos criar organizações onde talentos podem ser incorporados on demand a projetos onde seu conhecimento seja reconhecido como diferencial e será pago por isso, sem que essa empresa precise manter uma fábrica de talentos.

A relação economia-empresa-patrão-empregado está se transformando.

O segredo é criar um “ambiente” (físico ou virtual, ou misto) que otimize o desempenho do capital humano.

A combinação de tecnologia e talento é um catalisador poderoso e cria valor!

Porém, para isso, na Era Digital é preciso “abandonar” algumas crenças da administração tradicional para realmente aproveitar o que essa nova Era, esse novo modelo traz de valor, de riqueza e que seja perceptível.

Há de se destacar também que, a tradição que estabeleceu que estratégia fosse assunto só de executivos seniores, está com dias contados.

As pessoas muito talentosas, não precisam, e é provável que não tolerem, um modelo de gestão explicitamente hierárquico.

A tarefa de gestão tende a transcender os gestores, e estará incorporada aos sistemas.

É uma nova ordem organizacional e social.

A idéia de hierarquia, não vai demorar muitos anos, será considerada antiquada.

Outro segredo:

-Consiste em harmonizar o fluxo de infinitas decisões individuais e canaliza-las numa Rede coletora, como uma auto-estrada, natural e simples para que os indivíduos possam trabalhar sozinhos, ou em pares, em comunidades e “controlados” pela web, na web.

Longe de se considerar isso uma “baderna”, um “caos”.

É uma nova ordem social, que foi sendo construída sem percebermos, pela tecnologia, pela internet.

Esses princípios do novo modelo de gestão do século 21, já são claros.

As ferramentas de criatividade serão distribuidas amplamente nas organizações.

As idéias competirão em pé de igualdade.

As estratégias se desenvolverão de baixo para cima, de lado e em paralelo, sem geografia, e até mesmo as diferenças culturais serão “costuradas”.

O poder será definido pela idoneidade e não pela posição hierárquica.

Porém, ainda estamos a uma distância considerável e a viagem será bem longa.

É claro que, o atual modelo de Gestão, que não mais atende integralmente as necessidades das organizações, não vai acabar da noite para o dia, pois os atuais gestores terão dificuldades e resistirão a mudar suas práticas convencionais, assim como hábitos e dogmas que nunca antes se animaram a questionar.

Richard Florida, diz em seu livro “The Rise of the Criative Class” que as “batalhas mais dolorosas nos próximos 15 a 20 anos, colocarão as forças da organização em confronto com as forças da criatividade”.

Já que, um modelo não renderá ao outro, sem oferecer resistência.

Podem esperar!

Na verdade, não precisamos pensar em “deslizar” de uma “Era” para outra, mas será preciso Saltar!

Acontecerá uma nova revolução mental.

Algumas empresas vão liderar essa revolução e outras seguirão, mas a administração desse novo século não se reinventará sem um processo traumático e sem assumir riscos!

O que será essa nova Era e qual a sua Arquitetura?

…Continua na Parte 2.

Forneceremos ampla bibliografia para pesquisa.

Fontes e Referências:

  • Gary Hamel e Lowell Bryan – Sobre Inovação e Administração/Gestão
  • Rubens Ricupero embaixador e ex-ministro da Fazenda – Sobre Crise e Administração
  • Trendzoom – AgenciaClick
  • Nicholas Carr – é autor do livro The Big Switch: Rewiring the World. Foi editor-chefe da revista Harward Business Review

Miriam Vasco

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É administradora de empresas pela FAAP, com pós em análise de sistemas na FAAP e MBA em gestão empresarial pela FGV.

Mais de 20 anos na área de TI, atuando em cargos executivos desde 1987 em grandes empresas do setor de varejo, indústria, petroquimica, automobilistica e depois assumindo cargos executivos em empresas de consultoria, integradoras e fornecedoras de TI.

Hoje é sócia diretora da MV Systems Consultores Associados participando de vários projetos em Governança de TI incluindo projetos para o SOFTEX, Sebrae, APEX, IBM, Oracle e outros.

Também trabalha em desenvolvimento de canais para a EPOKA Brasil.
Milita na SUCESU SP desde 1988 tendo criado e dirigido vários Grupos de Usuários.

Há várias gestões na SUCESU SP é conselheira e Vice Presidente para várias assuntos como Automação Comercial, Comércio Eletronico, Aplicações e Gestão, Responsabilidade Social e outros.

Foi em 2000 Chairman do Active Store (NRF) para a América Latina e Caribe.

Foi Professora do Mackenzie para matérias como Banco de Dados e Negócios Empresariais nos cursos de extensão de Tecnologia.

Presidente da NEXTi - Organização das Executivas de TI www.executivasdeti.blogspot.com


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