As urgências sem urgência

– Preciso desse relatório pra hoje! – Diz o gerente para seu subordinado ás 17:50 de sexta feira.

Certo da “urgência” dessa informação, o subordinado fica então até as 23:00 na empresa, desenvolvendo o relatório. Cancela sua academia e jantar com a família, come um sanduíche e se mantém concentrado com muita cafeína. Finalizado o trabalho envia ao gerente por e-mail e segue para sua casa.

– Tudo certo com o relatório? – Pergunta o subordinado ás 16 horas de TERÇA FEIRA.
– Ainda não tive tempo de olhar – Dispara o gerente.

Quem não vive situações iguais a essa no dia-dia que atire a primeira pedra!

Pois bem, vamos analisar a situação:

O impacto na vida do subordinado vai desde sua saúde, quando cancelou academia e tomou uma overdose de cafeína, ao desconforto familiar quando não pode brincar com seu filho nem mesmo jantar com sua família em uma noite de sexta feira. E porque? Simplesmente para atender a loucura de pessoas que se veem no direito de infernizar a vida alheia sem a mínima necessidade. Eu vivo me perguntando porque as pessoas fazem isso, que é muito mais comum do que imaginamos. Eu mesmo vivenciei situações como essa inúmeras vezes, e não é um problema particular meu. Em debates com colegas, pesquisas e leituras presencio constantemente esse fato.

Pessoal o que está acontecendo? Porque essas situações ocorrem? Existe sensação de prazer em delegar tarefas com o estardalhaço da urgência sendo que, na maioria das vezes nem o que será feito com as informações foi definido?

Gerentes/Chefias em Geral: Não me venham com essa de que o mundo corporativo é muito dinâmico ou que surgiram outras prioridades, o que eu vejo é a falta de organização e foco, um método antiquado e antigo de se trabalhar onde a pressão e a produção eram grandezas proporcionais. Digo mais, não percebem que agindo assim vocês abrem margem para manter uma equipe totalmente desmotivada e estressada? Agindo assim vocês fazem com que os SEUS superiores também o façam!

Por favor, vamos pensar de maneira sensata ao delegar uma tarefa e, pensar duas vezes em defini-la como urgente. Primeiro pergunte-se ao menos se irá olhar no prazo em que está solicitando ou trata-se apenas de um capricho, um ego a ser preenchido. Sendo assim, coloque na balança: inflo meu ego e vivo em um ambiente pesado onde todos fazem mal julgamento da minha pessoa; ou, me organizo, fazendo um bem pra mim mesmo e sou bombardeado de olhares de admiração e energias positivas me rodeando. Você pode ser um humilde amado ou um carrasco respeitado, faça sua escolha.

Reflitam sobre a profundidade dessa citação: “Tudo deveria se tornar o mais simples possível, mas não simplificado” – Albert Einstein

Carlos Eduardo Bier

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Olá, meu nome é Carlos Eduardo Bier, sou programador, analista e consultor. Atualmente, mantenho um projeto chamado GoToAnt e atuo como Gerente de Tecnologia na empresa EBTS - Empresa Brasileira de Treinamento e Simulação.

Sou especialista no desenvolvimento de aplicações Desktop e Web, sendo certificado na ferramenta Delphi.Net. Porém, devido a instabilidades comerciais da ferramenta, estou atuando fortemente no desenvolvimento de aplicações utilizando Visual Studio e a linguagem C#, voltandos a web 2.0 com Silverlight. Quanto a metodologias de desenvolvimento, procuro estar constantemente evoluindo e mesclando métodos e estratégias para atingir resultados altamente satisfatórios a meus clientes.

Curta o projeto ! :)
http://gotoant.blogspot.com.br/


4 Comentários

Deiner da Costa Menezes
1

Caro Carlos Eduardo, vejo seu texto como pontual e absolutamente realista.
Discordo em apenas um aspecto, quando você utiliza a palavra “infernizar”.
Acredito que na maioria das vezes a intenção destes profissionais não é esta, mas sim a incapacidade de gestão da maioria deles.
É incrível como existem pessoas incompetentes trabalhando em cargos de chefia, tanto na iniciativa privada quanto no serviço público. São pessoas que não tem a menor idéia do que significa a palavra “PLANEJAMENTO”. Por conta disso, trabalham apagando fogo e utilizando o status de “chefe” para alastrar sua metodologia de trabalho absolutamente INCOMPETENTE.
As empresas precisam de gestores de fato, não de profissionais que têm um QI (QUEM INDICA) que os colocam em posições privilegiadas com atribuições das quais não têm competência para gerir.
Infelizmente estamos todos subordinados e esse tipo de profissional. No serviço público eles são maioria.
Enfim, seu texto está realmente muito bom.
Parabéns.

Carlos Eduardo Bier
2

Caro Deiner,
Primeiramente muito obrigado pelo comentário, eu gosto muito de debater temas polêmicos.
Em segundo lugar gostaria de dizer que concordo plenamente com tudo que diz, trata-se em um âmbito geral da incapacidade generalizada de gestores, estamos em más lençóis!
Porém eu acredito que podemos dar nossa contribuição, curta a página de meu projeto no facebook e vamos espalhar essa ideia, criei esse projeto justamente para levantar essas questões errôneas que ocorrem nas empresas além de analisar com outro prisma a evolução e os métodos de trabalho utilizados atualmente.
Grande abraço!
http://www.facebook.com/gotoant

Leandro
3

Carlos isso realmente acontece porque acho que não temos um sidicato que brigue por nós, simplismente estamos trabalhando de forma a não nos dispensarem do emprego, como deixar familia de lado, fins de semana e vida social. aqui em Franca (capital do calçado) caso os sapateiros tenha que fazer alguma hora extra, o sindicato baixa na porta pra ver como vai ser as condições, agora nós profissionais da Informatica não ganhamos hora extra nem banco de horas, sem falar que ferias de mais de 3 dias é impossivel.
Toda e qualquer empresa faz isso porque não temos como cobrar o direito….

Carlos Eduardo Bier
4

Olá Leandro,
Eu não concordo muito com sua colocação, vejo que o problema não ocorre somente no segmento de informática, tenho exemplo práticos do mesmo acontecendo nas áreas contábeis, estatísticas, planejamento, controladoria e mesmo assim algumas dessas possuem sindicatos. Eu vejo que nosso problema está na satisfação do ego das pessoas que detém o poder (gerentes, coordenadores, diretores, etc) Faça um teste, converse com seus amigos sobre isso, levante uma discussão sobre as urgências sem urgência, você vai constatar que trata-se de uma generalização nesse quesito.
Da uma acompanhada em meu projeto no facebook, GoToAnt… falo sobre inovação, produtividade e regressão para evolução.
Agradeço o comentário e grande abraço!

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