Design Thinking: Uma novidade não tão nova assim

Neste ano ocorreu uma explosão de “novos” métodos e ferramentas de gestão de projetos. Você já deve ter visto diversos artigos abordando assuntos como Modelos Híbridos, PM Canvas, Gamestorming, Métodos Ágeis e, agora, a bola da vez: Design Thinking. Mas será que isso é realmente uma novidade?

Muitas empresas ainda acreditam que estas técnicas que envolvem maior comunicação entre as pessoas, de maneira presencial ou não, são um risco à sua “grande produtividade”. Onde eu vejo maior comunicação como um ganho de qualidade e valor ao cliente e à equipe, muitos ainda vêem isso como perda de tempo, afinal eles pensam que seus profissionais deveriam ficar sentados em suas baias fazendo o que são pagos para fazer: trabalhar. A maioria destas empresas ainda veem o trabalho na forma Taylorista: Quanto mais quantidade e velocidade eles produzirem, melhor. Pensamento limitado que gasta o dobro do tempo para entregar metade do valor necessário.

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Assim como métodos ágeis, o Design Thinking exige habilidades interpessoais e de comunicação. Habilidades estas que precisam ser desenvolvidas na equipe. Desenvolver equipe custa dinheiro, logo estas empresas preferem continuar a fazer “mais do mesmo” e ainda esperam crescer com isso.

O Design Thinking foi divulgado oficialmente em 2003 pela empresa IDEO, considerada uma das empresas mais criativas do mundo. A principal característica dele é ajudar na imersão e na compreensão de padrões e parâmetros para criar um projeto de qualidade superior.

“Design Thinking é um processo de pensamento crítico e criativo que permite organizar informações e idéias, tomar decisões, aprimorar situações e adquirir conhecimento”. – Charles Burnette

O Design Thinking é geralmente dividido em: Empatia, Definição, Ideação, Prototipação e Implantação, mas podemos vê-lo também como um processo em 4 etapas:

  • Imersão (Entendimento)
  • Ideação (Criação)
  • Prototipação (Teste)
  • Desenvolvimento (Aplicação)

Agora farei uma analogia entre Design Thinking e gerenciamento de projetos, passando rapidamente por algumas fases do desenvolvimento de um projeto de TI:

  • Imersão: Envolvimento com o cliente, conhecendo as políticas da empresa e observando o seu dia-a-dia com ênfase na experiência do cliente com as ferramentas que ele tem disponível.  Podemos descobrir que os próprios funcionários não compreendem muito bem sua empresa e seus objetivos.
  • Ideação: Ao nos comunicarmos com o cliente e sua equipe, esta comunicação deve ser menos impessoal. Não devemos nos prender à um rígido contrato. Devemos abordar um contexto mais emocional focado em descobrir o “valor” do projeto ao cliente.
  • Prototipação: Podemos criar um protótipo abordando as principais dificuldades do cliente. Este protótipo pode ser minimamente funcional visando mostrar para ele que entendemos o que ele precisa e que nos importamos com isso.
  • Desenvolvimento / Resultados: Com a ferramenta em funcionamento, obtivemos melhoria significativa no andamento das atividades da empresa, onde observamos que o maior ganho foi não diretamente com a ferramenta mas sim proporcionar um ambiente de maior iteração apoiada pela ferramenta, onde as pessoas conversam e se comunicam para atingir um objetivo em comum alinhado com os objetivos da empresa.

Mas espere. Com este exemplo você se lembrou de algo? Sim! Boa parte das ações tomadas acima seguindo Design Thinking estão diretamente ligadas aos métodos ágeis e tradicionais. Nos métodos ágeis falamos muito sobre iteração entre as pessoas, comunicação, não ficarmos presos à contratos e normas rígidas. Nos métodos tradicionais temos as etapas, controle das informações em cada fase do projeto, sejam as fases lineares ou não.

O Design Thinking ajuda valorizando a inovação e a criatividade, competências estas que devem fazer parte do gerente de projetos. Ele vem pra estimular estas competências, uma vez que gestores de projetos costumam trabalhar com padrões mais rígidos, com pensamento analítico, racional, controle e muitas vezes “engessados“, nem sempre por querer mas por ser a tal política da empresa.

Experimente usar ou criar um método híbrido de gestão para o seu projeto usando SCRUM, Kanban, PMCanvas, técnicas de brainstorm, Design Thinking. Todos estes envolvem iteração constante, tanto local como com times virtuais. Insira o PMBOK neste “pacote” para gerar os documentos formais que seu projeto pode exigir, não se esquecendo de considerar documentos do projeto como entregáveis, desta forma conseguirá controlar a criação/manutenção destes documentos do pmbok usando os métodos ágeis/híbridos.

Portando, o Design Thinking não é algo novo por seguir a mesma proposta dos métodos ágeis. Além disso ele não vem pra substituir métodos tradicionais como o PMBOK, muito pelo contrário, vem para complementar estes modelos, fazendo parte e sendo mais uma ferramenta/forma de gestão dos Modelos Híbridos, onde ele ajuda a entregar valor aproximando os desenvolvedores do projeto com o cliente, realizando testes em campo, criando um produto de valor ao cliente sem necessariamente acertar de primeira, por isso os protótipos e testes com o usuário do produto ao longo de todo o processo.

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Publicado originalmente em: http://www.vignado.com.br/?p=359

Alexandre Luis Vignado

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Sou Agilista na Telefônica (VIVO) e Professor de MBA na FIAP

Tenho mais de 15 anos de experiência em Gestão de Projetos Ágeis e Tradicionais e posso ajudar você a conquistar sua certificação!

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