Banco Britânico troca senhas por biometria de íris

Já imaginou chegar em casa e ao invés de tirar um pesado molho de chaves do bolso, apenas dar uma olhada rápida para um sensor e destrancar a porta? Ou então, dar uma rápida piscadela para seu smartphone para acessar o aplicativo de seu banco? Sistemas de reconhecimento de retina e íris já existem, mas possuem utilização restrita. No entanto, o novo Samsumg Galaxy S8 e um banco inglês acabaram de dar um passo à frente no sentido de disseminar o uso da técnica.

O banco TSB anunciou que o acesso ao internet banking por meio de seu aplicativo será validado por biometria de íris. Seguindo a tendência de substituir senhas e sequências de caracteres, o banco britânico será o primeiro da Europa a adotar a estratégia. A partir de setembro os clientes do banco que possuem o Galaxy S8 poderão acessar o internet banking apenas com uma rápida olhadela para o smartphone.

A gigante coreana adicionou o reconhecimento de íris em seu S8 junto com outros sistemas biométricos, como reconhecimento de face e impressão digital. A adoção de tecnologias biométricas têm avançado a passos largos e a integração aos smartphones de algoritmos nativos e novos sensores tem ditado a tendência. 

Reconhecimento de íris é mais seguro e rápido do que as tradicionais impressões digitais

Reconhecimento de íris é mais seguro e rápido do que as tradicionais impressões digitais

Como funciona a identificação de Iris? 

De acordo com o banco, a biometria de íris, além de conveniente, é a mais segura disponível atualmente. Impressões digitais são reconhecidas comparando-se cerca de 40 características. Já na biometria de íris, são 266, mais de 6 vezes o número de características analisadas na boa e velha impressão digital. Por falar em velha, essa é outra vantagem. Ao contrário das impressões digitais, que podem sofrer alterações com o tempo, os padrões usados no reconhecimento de íris permanecem constantes até a velhice.

O padrão de cor da íris é definido geneticamente e fica formado em definitivo por volta dos dois anos de idade. Esse padrão é complexo e único. Até mesmo gêmeos geneticamente idênticos apresentam padrões diferenciados. Na prática, o sensor é uma câmera de alta resolução que fotografa o olho do usuário. Um software processa a imagem, dividindo-a em várias zonas diferentes e analisando o padrão de cores de cada região.

Reconhecimento de íris. Créditos: armytechnologys

Reconhecimento de íris. Créditos: armytechnologys

Preocupações com a maturidade dos sistemas de reconhecimento   

Apesar de ser um padrão seguro, já houveram tentativas bem sucedidas de burlar o sistema do Galaxy S8. No mês de maio, o grupo Chaos Computer anunciou que havia conseguido enganar o sistema de escâner da Samsung usando um olho falso, no caso, uma foto do olho original. A fabricante coreana se defendeu dizendo que conseguir enganar o smartphone com uma foto de alta definição do olho do usuário é uma situação extremamente específica. 

A bem sucedida tentativa para falsear o sistema do S8 não impediu o banco TSB de o adotar. Apesar de todas as preocupações com segurança e privacidade dos usuários, o reconhecimento de íris já é usada em aeroportos e áreas militares. Por ser um sistema rápido e extremamente seguro, é ideal para ambientes em que é necessário ter agilidade e segurança.

Será que agora vai?  

Desde os anos 90 algumas empresas e aeroportos adotam o reconhecimento de íris, mas é a sua integração em massa aos smartphones que promete ser o último passo para a popularização da tecnologia. Resta saber se incidentes como vazamentos de informações ocorrerão ou não, um fator essencial para a consolidação ou não do reconhecimento de íris.

E você, gostaria de trocar sua senha alfanumérica por essa tecnologia?

Vitor Vidal

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Engenheiro eletricista apaixonado por eletrônica e desenvolvimento de sistemas de hardware e software. Mestrando em Engenharia Elétrica no CEFET-MG. Produtor de conteúdo e redator na área de tecnologia. Escritor e poeta nas horas vagas.


1 Comentários

Waldemar Junior
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Ótimo artigo.
Vale salientar, que sistemas utilizados em instituições financeiras e de outras categorias, que normalmente demandam muita segurança, não podem depender apenas da biometria para autenticação.
A prova disso é que muitas instituições financeiras já adotam a algum tempo o uso do reconhecimento de impressão digital como segundo fato de autenticação.
Reconhecimento facial é outra abordagem para reconhecimento biométrico e apresentar muitas vantagens assim como o reconhecimento de Iris. Entretanto, quando se trata de biometria, dependendo do nível de segurança esperado, ela não deve ser utilizada como único fator de autenticação, pelo simples fato (exemplo) que, caso alguém seja sequestrado e tenha seu globo ocular retirado e mantido sob condições adequadas de temperatura, ou tenha a mão ou dedos amputados também abriria uma janela de possibilidades.
Hoje temos o reconhecimento facial em três dimensões, que permite atacar outras variáveis além das que definem um indivíduo apenas pela face, bem como, evita que soluções de reconhecimento facial 2D sejam burladas, caso uma foto seja utilizada no lugar do rosto do indivíduo que deveria estar sendo reconhecido.

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