[Concursos Públicos] Elaboração de Recursos – Parte 1 – Dicas Gerais

Salve, salve, Galera!

Professor Walter Cunha novamente na área… 

Vamos passar a tratar a partir de hoje de um tema bastante recorrente entre os candidatos: o Recurso!

Recebo diariamente vários questionamentos sobre o assunto, desde “se cabe ou não um recurso” até “como efetivamente elaborar um bom recurso”.

A ideia dessa série de artigos é fornecer um “Guia Básico sobre Recursos”, de modo que a maioria das dúvidas de vocês sejam respondidas. E as que por ventura ainda sobrarem possam ser respondidas por meio dos comentários ao fim do artigo.

Nesse primeiro Artigo, vamos abordar as “Discas Gerais”. Antes de falar “SE” e “COMO” devo fazer um recurso, considero o entendimento dessas primeiras dicas fundamental para a sobrevivência do Candidato.

Como ponto de partida, vamos definir o que é um Recurso.

Recurso é um instrumento administrativo, previsto em Edital, por meio do qual o candidato manifesta formalmente sua discordância em relação ao Gabarito Oficial Inicial, na esperança de que seus argumentos sejam acatados pelos Examinadores da Banca e que, por consequência, a resposta seja alterada quando da publicação do Gabarito Oficial Final. (Definição minha)

Dada a definição, seguem algumas regras gerais:

1 – A Decisão da Banca é Soberana

– Ah, Walter, mas eu sempre posso entrar na justiça!

De fato, é um direito que nos assiste. Contudo, isso não quer dizer que sua ação vai ser admitida, muito menos acatada. E, não raro, vai aparecer algum tipo de “adevogado” (entre aspas para não generalizar a categoria) que vai incentivar o candidato a partir de imediato para essa via, visando ao oferecimento de seus serviços por um preço “justo”. Na vida real, o que se constata é que nem Juízes “gostam” de se meter com bancas examinadoras, reservando o mecanismo de intervenção apenas em situações gritantemente ilegais. Por exemplo, se a Banca afirmar que ”2+2=5”, e olhe lá! Enfim, é possível, mas tenha ciência que não é fácil.

2 – Trate a Banca com Respeito

– Ah, Walter, mas eles estão tentando me sacanear…

Bom, você pode até ter razão em se sentir prejudicado. De outro lado, é quase certo de que, se um prejuízo está acontecendo, provavelmente é por conta de algum equívoco da banca, e não por puro sadismo. Faço mea-culpa aqui! Nós, professores, não raro nos referirmos a banca como “tarados”, “inimigos”, etc, obviamente de forma lúdica. O problema é que vários alunos acabam se “pilhando” e transferindo esse sentimento para o recurso como uma forma de “lavar a alma”. Nada mais errado! Se você entendeu a regra anterior, já percebeu que não é muito saudável atacar gratuitamente aqueles dos quais você depende. Isso mesmo, depende sim, ainda que você ache que tenha todo o direito a seu favor. Lembre-se, pelo menos, de que são seres humanos e como tais devem ser tratados com dignidade! Em resumo, trate-os com a deferência devida!

3 – Embase a Argumentação com Bibliografia Consagradas

 – Ah, mas é a minha palavra contra a do Examinador!

Amigo, mesmo que você seja Doutor (de verdade) na área, NUNCA caia na armadilha da soberba, nem se que seu nome seja Andrew Tanenbaum ou Roger Pressman. Bom, se é muito improvável ser um deles, por outro lado é muito provável ter um livro deles. E, na maioria das vezes, é o mais do que suficiente. Obviamente, a resposta do seu gabarito deve ser amparada pela tese do(s) autor(es). Então, é “só” referenciar o trecho corroborativo e enxertar em sua argumentação.

4 – Seja objetivo

– Ah, Walter, então é só encher de trechos e referência que está no papo.

Definitivamente! Você deve apresentar uma argumentação lógica do porquê você não concorda com o gabarito. Todavia, não pense que a probabilidade de seu recurso ser acatado é proporcional ao tamanho dele. Nada de narrar o “Faroeste Caboclo”. Felizmente, esse aspecto já não é mais tão crítico, pois hoje as bancas limitaram drasticamente o número de caracteres permitido nos recursos, para o bem da sanidade dos examinadores. Ninguém merece um recurso (desnecessário) de 5 páginas.  

5 – Facilite a Vida do Examinador (Regra de Ouro)

Traduzindo, se nem você, que é apenas um indivíduo, e supostamente o mais interessado, quer ter trabalho (de procurar, calcular, referenciar…), imagine o examinador.

– Ah, Walter, mas é obrigação deles!

Antes de ser a deles, é principalmente a sua! Entenda isso! Acredite, trabalhos desarrazoados delegados à banca são devidamente desconsiderados. Então, pense bem antes de falar que “está no Tanembaum”, o qual tem 800 páginas, deixando implícito que o examinador terá que procurar. Sonha, Tonha…

Enfim, faça TODO o trabalho possível, TODO mesmo, deixando para a banca apenas o trabalho de concordar com você, ou seja, de dizer “SIM”. Por exemplo, indique a bibliografia, a página, o parágrafo, e ainda transcreva o trecho para o seu recurso. No mínimo, você ganhará a simpatia do examinador por demostrar que aquele recurso é muito importante para você.

6 – Não copie recurso “ipsis litteris”

Não, diferente do que propagam por aí, você não vai perder pontos, nem ferrar com o recurso do colega de quem você copiou. Esse não é o problema. O problema é que você vai perder uma grande oportunidade de oferecer fatos novos ou reforçar o entendimento do seu colega de uma perspectiva diferente, o que poderia sensibilizar a banca. EM TESE, as bancas não mudam o gabarito pelo número de reclamações, mas pelo conteúdo das reclamações. Sendo assim, não despedisse esforço e oportunidade apenas copiando.

7 – Recurso é diferente de “Melação”

Recurso é contestar algo que você sabia, mas foi prejudicado por um erro da banca. “Melação” é você não ter a menor noção do que se passou, mas pelo fato de detectar QUALQUER tipo de inconsistência, copiar recurso para ganhar pontos. A probabilidade de uma tentativa de melação ser acatada é muito baixa. Contudo, dizem que no Amor, na Guerra e nos Recursos vale tudo! Mas será que vale mesmo? Exemplo, um aluno me perguntou se caberia recurso porque a resposta estava na própria figura do enunciado. Oi?!? Ora, se estava lá por que ele não marcou? Ele falou que era porque não sabia, mas era um absurdo a resposta estar na figura, e ele ia entrar com o recurso. Isso é tentar melar. Outro é exemplo é quando se troca um caractere que não prejudica em nada a resposta, pois é a única possível.

8 – Professor não é Pistoleiro

É muito comum, chegarem e-mails do tipo:

– “Professor, preciso que o Senhor anule pelo menos 3 (três) questões para mim, para eu poder sair do corte”!

Tudo bem que o desespero do ponto de corte, ou de uma iminente aprovação, faz a gente ficar meio descompensado. Mas, pense bem, se nem você consegue dizer de forma objetiva onde foi prejudicado, não há muito que exigir dos outros. Nós, professores, em regra nos orgulhamos quando apontamos proativamente um número grande de recursos para os alunos. Quando o erro é gritante, realmente é um serviço indispensável. Contudo, quando o recurso é duvidoso, sempre há que de se lembrar que metade dos alunos errou e a outra acertou. Então, questiono um pouco essa matemática de que garimpar um número maior de recursos sempre é bom para os alunos.

Bom, pessoal, por hoje é só! E aí, o que você achou dessas Dicas Gerais? Concorda? Acha que eu deveria relacionar mais alguma? Conte para nós aí, nos comentários.

Bons estudos e até o próximo artigo!


1 Comentários

Roberto Pivetta
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Creio que você tem razão nos comentários,porém uma prova,hoje, é elaborada já com o propósito de ninguém passar. Isso, não sei se é sacanagem. Mas, está horrível o específico do específico. Tem que ser CSI na TI.

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