Gerenciamento de Valor Agregado (EVM) em Projetos Ágeis

Olá pessoal,

Muitas pessoas ainda possuem algumas restrições com relação à projetos que utilizam métodos ágeis, alegando:

  1. “O escopo é aberto”
  2. “Não consigo ter visibilidade de quando vou terminar”
  3. “Não consigo ter visibilidade de quanto vou gastar”
  4. “Não tenho métricas”
  5. etc

Na verdade você consegue aplicar uma técnica consagradíssima da gestão tradicional de projetos para medir a saúde do seu projeto, trata-se do Gerenciamento de Valor Agregado (EVM – Earned Value Management)

Para isso, você precisa somente de 6 informações:

  1. Quantas Sprints ou Iterações tem o seu projeto ou release
  2. Quantas Sprints ou Iterações foram concluídas até o momento
  3. Qual o total de esforço para concluir o seu projeto ou release (seja em horas, seja em pontos ou outra métrica)
  4. Qual o esforço concluído (Done) até o momento
  5. Qual o orçamento do projeto ou release
  6. Quanto foi gasto até o momento

De posse destas 6 informações que são fáceis (ou pelo menos deveriam ser) de serem obtidas, podemos calcular:

  • CPI – Cost Performance Index (Índice de Desempenho de Custos)
  • SPI – Schedule Perfomance Index (Índice de Desempenho de Prazo)
  • CPV – Cost Performance Variance (Variação de Desempenho de Custo)
  • SPV – Schedule Perfomance Index (Variação de Desempenho de Prazo)

Vamos para um exemplo prático:

  • Total de Sprints estimadas  = 4
  • Quantidade de Sprints concluídas = 1
  • Total de story points estimadas = 200
  • Quantidade de story points concluídas = 40
  • Orçamento do projeto ou release = 175.000
  • Custos até o momento = 65.000

A primeira conclusão que podemos chegar é que o projeto possui um potencial atraso, pois:

O planejado era que 25% do projeto estivesse concluído (1 iteração concluída de um total de 4 iterações) mas, de fato, foi concluído 20% do projeto (40 pontos de um total de 200). Ou seja concluímos 20% quando deveríamos ter concluído 25%, ou seja, atingimos 80% do objetivo e temos um potencial atraso de 20% do projeto.

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Perceba que interpretamos a saúde do prazo sem realizarmos nenhum cálculo de valor agregado, mas aplicando as fórmulas teríamos:

  • PV (Plan Value – Valor Planejado) = 175.000 (Orçamento do Projeto) * 1 / 4 = 43.750
  • EV (Earned Value – Valor Agregado) = 175.000 (Orçamento do Projeto) * 40 / 200 = 35.000
  • SPI = 35.000 / 43.750 = 0,8
  • SPV = 35.000 – 43.750 = -8.750

Quais as possíveis causas deste desvio de prazo? Temos algumas possibilidades, tais como:

  • Primeira iteração da equipe, onde desvios são normais devido a curva de aprendizado
  • A equipe se comprometeu com itens a mais
  • Falha no planejamento e nas estimativas da iteração
  • Trabalhos parcialmente prontos (faltando teste ou inspeção) que não são computados no cálculo do valor agregado, pois dentro do método ágil não existe o quase pronto (algo muito definido em conceitos como Definition of Done)
  • Trabalhos concluídos mas que não tiveram o aceite do cliente final também não são computados no cálculo do valor agregado

E qual a saúde do projeto com relação à custos?

Você será tentando a fazer a seguinte comparação: “Ora, se o planejado era gastar 43.750 e eu gastei 65.000, estamos gastando 21.250 a mais”

Errado! Na verdade o projeto deveria ter gasto 43.750 para entregar 50 pontos. Como foram entregues apenas 40 pontos, o real valor agregado da entrega é de 35.000. Desta forma gastamos 30.000 a mais.

Traduzindo nas fórmulas de valor agregado:

  • CPI = 35.000 / 65.000 = 0,54
  • CPV = 35.000 – 65.000 = -30.000

Com as 6 informações obtidas conseguimos concluir que o projeto possui um potencial atraso e está gastando bem mais que o previsto. Desta forma conseguimos identificar tendências e tomarmos as devidas ações necessárias.

Aqui mais um exemplo de como utilizar um conceito da gestão tradicional de projetos de forma simples, trazendo um controle mais robusto de métricas do seu projeto sem perder a agilidade em momento algum.

Abraços e até o próximo artigo

Vitor Massari

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Profissional com mais de 15 anos de experiência em projetos de software. Sócio-proprietário da Hiflex Consultoria, profissional PMP e agilista, acredita no equilíbrio entre as várias metodologias e frameworks voltados para gerenciamento de projetos.
Lema: "Agilista convicto sempre, agilista obcecado jamais"


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