Culturalmente, muita gente acredita que mulheres não curtem videogames, mas pesquisas dizem o contrário: segundo a 7ª edição da Pesquisa Game Brasil (PGB), que foi divulgada na quinta-feira (25/06), a maioria das mulheres brasileiras jogam games eletrônicos, especificamente 69,8% delas.
O mais interessante disso tudo é que o público feminino é maior do que o masculino no que diz respeito aos videogames, totalizando 53,8% de players no país. O estudo da PBG foi realizado no mês de fevereiro deste ano, e contou com a participação de 5.830 pessoas de 26 estados diferentes,
Segundo a PGB, este é o quinto ano consecutivo em que mulheres se destacam como a maioria entre os jogadores do Brasil. Cerca de 38,4% delas têm o costume de jogar por mais horas em consoles, enquanto 36% preferem o PC, e 32,7% o celular. Porém, a pesquisa destaca que a maioria (50,1%) joga diariamente apenas no mobile.
Maior público de entretenimento mobile
O smartphone é a plataforma favorita de 66,7% das jogadoras, que lideram como maior público de games mobile se dedicando a esse tipo de diversão por pelo menos 1h ao dia. O entretenimento mobile inclui inúmeros tipos de jogos, inclusive ação e aventura, como FreeFire e Clash Royale, e games de estratégia. Além disso, também é possível se divertir com caça-níqueis ou bingo online através do celular. Saber se um cassino é seguro é simples, pois há cada vez mais há plataformas que se dedicam ao tema.
Além disso, 76,7% das players são consideradas casual gamers (jogadoras casuais), o que quer dizer que jogam por até 3 vezes na semana, em sessões de até 3h. Já 23,3% delas são consideradas hardcore gamers, ou seja, que têm o videogame como hobby principal e jogam com mais frequência.
As mulheres, os games, e o preconceito
Um mercado que vem crescendo imensamente no Brasil e no resto do mundo, os videogames sempre foram considerados um hobby estritamente masculino, principalmente quando nos referimos aos jogos de console e PC. Porém, o que muitos não percebem é que o público feminino existe, mas prefere não se identificar por conta da resistência da comunidade e, muitas vezes, por sofrerem preconceitos.
Não é incomum que meninas sofram assédio ao revelarem o seu gênero durante algum jogo eletrônico, e por conta disso, muitas preferem nicks (apelidos) neutros, ou masculinos. Um exemplo foi o caso da brasileira que conquistou o 1º lugar no ranking mundial do Super Street Fighter IV: Arcade Edition, Cristina “Olakristal” Santos. Apesar de ter conseguido o feito incrível, ela declara ter passado por maus bocados até chegar ali: “Sofri ataques em redes sociais e até na vida pessoal. É uma fase que prefiro esquecer”, diz ela em entrevista para a BBC.
Já a sua filha Vittória realizou o sonho de se tornar jogadora profissional de League of Legends com 14 anos. Ao ser selecionada entre mais de seis mil candidatos, sua escalação suscitou protestos, com argumentos de que teria sido uma jogada de marketing e que uma gamer de apenas 14 anos não teria tal capacidade. “Quando comecei a jogar, tive amigos que ficaram enciumados, diziam que eu não tinha potencial e, sempre que podiam, me colocavam para baixo. Procurei me distanciar deles”, disse Vittória.
O futuro dos jogos para as mulheres
Acredita-se que um dos grandes motivos do preconceito de gênero no mundo dos jogos é a falta de mulheres trabalhando e estudando a área de tecnologia. Apesar de serem a maioria de players no Brasil, elas não representam nem metade na criação e desenvolvimento de jogos.
Apesar disso, muitas empresas de tecnologia mundiais já vêm apresentando incentivos e programas para incluir uma maior participação feminina e diversidade no ambiente de criação. Adicionalmente, a imagem feminina nos games vem sendo repensada: personagens femininas mais reais e menos sexualizadas estão sendo apresentadas em jogos atuais. Exemplos de mulheres “normais” em games são Jade, em “Beyond Good and Evil”, Elizabeth, em “BioShock Infinite”, e Alyx, em “Half Life 2”