TI no centro das organizações: Empresas que desejam sobreviver deverão mudar a forma de gestão

O mundo empresarial está estarrecido com empresas que começaram no fundo dos quintais e estão derrubando gigantes estabelecidas há décadas no mercado, com mudanças de paradigmas e uso intenso da tecnologia. Os visionários da administração já decretaram que nos próximos anos este tipo de empresa com estrutura ágil e focadas nos seus nichos de mercado, irão crescer de forma exponencial colocando em riscos verdadeiros impérios.

As empresas tradicionais estão buscando de forma desesperada não ficar fora deste contexto, com incubadoras patrocinadas, acompanhamento de startups e das ideias que surgem nas universidades e centros de pesquisas.

Mas o que existe em comum entre estas novas empresas (NEIT – Novas Empresas Intensivas em Tecnologia)? Qual o caminho para as organizações tradicionais?

Em 2010 foi publicado pelo CISR (Center of Information System Research) do MIT (Massachusets Institute of Technology) que empresas que possuem uma estrutura de Governança de TI demonstram desempenho melhor do que a média do mercado em que estavam inseridas, após um estudo em 256 empresas ao longo dos cinco continentes, ou seja, a relevância de TI para as organizações já vem sendo sentida há um bom tempo, mas não tem sido praticada de forma assertiva.

O problema é mais grave do que parece, pois as Organizações Tradicionais de Grande Porte (OTGP), estão em uma das duas situações, sendo que as duas não ajudam a mudar o cenário e o caminho que estão trilhando, pois, ou:

1. Não existe o consenso dos altos executivos que TI é estratégica ou;

2. Existe o conceito, e investimentos estão sendo realizados de forma aleatória e sem o respectivo retorno, levando a situações como:

  • Ao longo dos últimos anos, grandes projetos de implantação de sistemas integrados de gestão fracassaram e estima-se que as perdas para estas organizações passam dos milhões de dólares;
  • Os percentuais de uso efetivo das funcionalidades dos sistemas de informação indicam altos índices de desperdício e um desalinhamento constante entre a TI e o negócio;
  • As ondas de inovação empurram novas tecnologias e plataformas para o mercado e, ao redor do mundo, vários são os casos de empresas que não conseguem obter o valor prometido pelas diversas soluções tecnológicas hoje oferecidas.

Nesta linha onde TI não é considerada como estratégica, ou os investimentos são realizados de forma desordenada, pois não existe um alinhamento entre TI e o negócio, sendo este GAP o fator principal dos problemas citados, as OTGPs vão perdendo mercado, faturamento e suas iniciativas de mudanças não estão apresentando o resultado esperado.

No artigo do Gartner “Enterprise Digital Governance: Resetting Governance for the Digital Age” consta a necessidade de que as empresas tradicionais repensem a forma de gerir a TI e sua importância para a organização. “A governança tradicional é muitas vezes muito rígida para atender aos requisitos dinâmicos e mais fluidos dos negócios digitais, incluindo inovação, métodos ágeis, entrega bimodal e um ecossistema cada vez mais difundido. A governança digital empresarial aborda as decisões de estratégia, investimento e execução em todos os domínios comerciais digitais. É a fusão da governança de negócios e da governança tecnológica. Abrange elementos de investimento estratégico, risco e conformidade, mas com estruturas e processos adaptativos que podem atender aos requisitos de inovação, agilidade e resposta em tempo real dos negócios digitais.”

Mas, então, o que as NEIT, apresentam de diferente? Qual tem sido o fator principal para o repentino sucesso?

Hoje a tecnologia está na palma da mão de adultos e crianças, sendo este tema já explorado e de conhecimento comum, então não é necessário convencer mais ninguém sobre este assunto.

Diante deste contexto, todas as NEIT que estão quebrando paradigmas possuem dois fatores em comum: uso intensivo da tecnologia e um conceito diferente para um processo do mercado, sendo que o segredo por trás dos acontecimentos e da revolução estabelecida é que o movimento foi da tecnologia para o negócio e não do negócio para a tecnologia, sendo este o GRANDE DIFERENCIAL entre as NEITS e as OTGPs.

Enquanto as OTGPs tentam investir corretamente em tecnologia, o GAP (já citado), faz com que grandes volumes financeiros sejam jogados no lixo, na busca do tão almejado diferencial competitivo, sendo a culpa colocada na área de TI das organizações:

“O problema do não reconhecimento do valor da TI está na ineficiência e falta de qualidade das soluções tecnológicas oferecidas ou o foco do problema estaria em uma incapacidade organizacional de utilizar os recursos de TI de forma alinhada às estratégias do negócio?”

Ou seja, o movimento está no sentido contrário das NEITs, do negócio para a tecnologia, causando GAPS, perdas financeiras e resultados abaixo do esperado.

As NEITs, estão surgindo em função da mudança de perfil do profissional de TI, pois até hoje as OTGPs estruturam seus processos em função de especialistas nas mais diversas áreas do conhecimento, mas que simplesmente não entendem como a tecnologia realmente funciona. Estes profissionais são denominados pela área de TI de usuários, ou seja, conhecem o processo da sua área mas não conseguem ter a visão de como a TI pode de forma objetiva agregar valor ou, ainda melhor, ser disruptiva, e os profissionais de TI tentam de forma desordenada atender as solicitações desconexas e muitas vezes sem sentido das áreas de negócio, não atingindo os objetivos ou, depois de muito retrabalho, alcançar alguma coisa próxima do mínimo necessário, mas que na prática agregou pouco valor.

O novo perfil do profissional de TI, deixou de ser o do famoso Nerd, que trabalha fechado em uma sala, onde os demais profissionais da organização não sabem exatamente o que acontece, para, ao contrário, ser um perfil atento aos processos do negócio, que tem a capacidade de aprender e estar inserido em todos os contextos organizacionais e que partem da tecnologia para o negócio, apresentando soluções inusitadas para problemas antigos.

Mas então qual seria a solução?

Existem várias iniciativas na busca desta solução, com pesquisas e modelos extremante valiosos e aplicáveis, como o CobiT para implantação da Governança de TI, separando Governança da Gestão, a ITIL apresentado processos vitais para um gerenciamento dos serviços entregues pela área de TI, entre outros.

Mas a resposta para o GAP apresentado é aprender com as NEITs e mudar de forma radical o modelo gerencial empregados nas OTGPs, ou seja, o movimento deve mudar, a tecnologia deve ser o ponto de partida e não o negócio.

Neste novo modelo a tecnologia é posicionada no centro da administração, não como integrante de um comitê executivo, mas sendo o comitê executivo, e a partir deste conceito os movimentos passarão a serem realizados no sentido correto e as OTGPS mudarão de rumo para um futuro de sucesso.

O conceito é, sem dúvida, uma mudança de paradigma que resultará em alterações significativas no contexto organizacional, sendo que poucas OTGPs terão coragem para fazê-lo, e quando perceberem que houve falta de determinação para realizar o que era preciso, será tarde demais, e o mercado já terá sido conquistado por NEITs que fizeram o movimento correto.

No artigo sobre a Era Digital “…se uma empresa não adotar um modelo adequado para TI dentro de cinco anos, corre o risco de ter um “momento de foto” – encontrando-se incapaz de sobreviver porque viu as inovações disruptivas chegarem, mas não agiu com rapidez suficiente…”

Esta situação estará presente em todos os seguimentos muito mais rápido do que pode ser imaginado, como por exemplo apresentando soluções para questões vitais a humanidade, como conter o aquecimento global. “A tecnologia é nossa única chance contra o aquecimento global” Klaus Lackner da Arizona State University. Com trens movidos a hidrogênio, petróleo feito de dejetos, captura de CO2 entre outros.

Existem alguns pontos que devem ser analisados para que as empresas encontrem a motivação para dar o primeiro passo:

  1. Uma estrutura eficaz de TI tem ROI garantido.
  2. Tecnologia da Informação requer muito investimento.
  3. Tecnologia da Informação está presente em todos os processos da empresa.
  4. Existem muitas oportunidades de novas tecnologias serem inseridas com urgência nos processos de negócio.
  5. Os gestores do negócio encontram dificuldade em entender a TI.
  6. Empresas Líderes tratam a TI de forma diferenciada.

Está sendo desenvolvido um modelo denominado ITCC (Information Technology in the Center of the Company), que tem por objetivo mudar o paradigma da gestão empresarial, detalhando passos a serem seguidos pelas empresas dispostas a adotar este modelo.

Então, cabe a alta direção das organizações tradicionais decidirem agora sobre seu futuro.

Danilo Alves da Silva

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Bacharel em Ciência da Computação – PUC-PR;
Mestre em Engenharia de Produção - UFSC;
ITIL V3 EXPERT;
Certificado COBIT;
Professor de Graduação, Pós Graduação e MBA em Governança de TI.


1 Comentários

Filipe
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Excelente artigo! Mas pesquisei e nao achei nada sobre o ITCC. Se alguém tiver informações de quem está desenvolvendo esse modelo comente aqui por favor, gostaria de acompanhar.
Obrigado.

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