R.I.P. Gerente de Projetos

É óbvio que o cargo, função ou papel do gerente de projetos NÃO morreu ou vai morrer tão cedo. Sim! Invalidei o título do artigo. De tempos em tempos aparece algum texto dizendo que tal função morreu. Já mataram várias vezes algumas tecnologias, metodologias e cargos. Muitas evoluíram e outras são usadas nos cantos do mundo. Nunca se sabe. Além do “R.I.P. algumas metodologias/frameworks”, tem a desde sempre “morte do GP”.

O GP morreu sim! Aquele GP “quadrado”, baseado no comando e controle, tomando para si todas as decisões estratégicas sem conversar antes com o time. Sabe o tal de ego? Acredito que a maioria das pessoas o tem. Porém, é de extrema importância deixá-lo em casa antes de sair para gerenciar um projeto. Esse cara ainda não entendeu que o que gerenciamos é dinheiro, riscos e ambiente. Pessoas, nós lideramos.

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Aquele que fala grosso para demonstrar “poder” e influência, já era. Este tipo de profissional tem tido cada vez mais dificuldade em manter-se no mercado. Tive apenas um gerente com este perfil em toda minha carreira. E não durou muito ao gerenciar uma equipe jovem e dinâmica. Eu tentei no auge dos meus 27 anos (6 anos atrás) conversar com ele. Quando em uma das minhas sugestões de tratamento ao time, ele disse que todo gerente é um líder, parei a conversa. Um mês depois ele foi desligado da empresa e lá tive minha primeira oportunidade como gerente de projetos.

Cada função dentro de uma equipe de desenvolvimento tem seu objetivo. Como GP, nada mais gratificante do que entregar um projeto que vá trazer valor para seu cliente, com poucos ou nenhum susto financeiro, com qualidade e equipe orgulhosa do trabalho entregue. Agora como que um “comando e controle” consegue atingir estes objetivos? Tenho enormes dúvidas de que seja possível. Muitos só tem o objetivo de entregar o projeto dentro do custo e no prazo

O cidadão faz pressão o tempo INTEIRO, em todos os projetos. Do começo ao fim. Fica mandando o famoso “Tá pronto?” de hora em hora (sem piadas com Tele-Sena). Sei que para muitas empresas o mais importante é entregar alguma qualidade e conseguir ter a margem do projeto alcançada. Felizmente, empresas assim também estão perto do R.I.P e outras já morreram há muito tempo. Foi-se o tempo de não pensar mais no time. Como querem projetos com sucesso, trabalhando desta forma?

Equipe mal conduzida e sem vontade, dificilmente dá boas ideias de como agregar mais valor ao negócio do cliente. A produtividade não será a mesma de uma equipe motivada, logo, mais dinheiro será gasto. Pode colocar QA, testes automatizados e todo o resto. Não conseguirão entregar algo com qualidade. Sem falar do desgaste com o time do projeto, ao fim dele.

Quando vejo algum “comando e controle” em ação, já sei o que esperar (e o que não esperar) do resultado que será entregue. 

Minhas condolências ao GP do comando e controle. Rest in peace. 🙂

Thiago Fernandes

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Profissional com mais de 17 anos de experiência em projetos de software. Scrum Master ou Agile Project Manager responsável por projetos para diversos segmentos da indústria, das mais variadas linguagens e metodologias. Mantém o mindset ágil mesmo em projetos cascata. Gosta de escrever sobre agilidade, comportamento e tecnologia.


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