Dominar o idioma Inglês é mesmo importante?

Sei que todos nós temos pouco tempo para reflexão. Me desculpe o texto grandão, mas peço que leia com calma, pois pode te ajudar muito, tanto na sua vida quanto na sua profissão. Essas dicas servem não apenas para o aprendizado do Inglês, mas também para qualquer outro idioma que seja muito apreciado no mercado de trabalho ou na empresa onde você trabalha, como Espanhol, Mandarim, Francês, etc.

Desde o início da minha carreira, tenho visto inúmeros estudantes e profissionais fazendo cursos de Inglês, gastando dinheiro com professores particulares, se descabelando e reclamando que tem bloqueios que os impedem de dominar melhor o segundo idioma…

Imagem via Shutterstock

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Comigo não foi diferente. Mas me permitam contar como foi no meu caso.

No início dos anos 80, minha mãe passou no super concorrido vestibular para a UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ela cursaria Pedagogia, e estava muito animada com isso, pois éramos de família pobre e aquilo era uma vitória a ser comemorada, além do fato que minha mãe sempre teve talento para ser educadora.

Depois de alguns semestres, ela me chamou para conversar sobre minha carreira. Eu mal tinha feito 16 anos.

– Qual faculdade você quer cursar? Perguntou ela.

– Engenharia. Eu respondi.

– Então trate de dominar o Inglês. O quanto antes! Disse, minha querida mãe, com um semblante preocupado.

– Mas porque isso, mãe? Retruquei…

Minha mãe me explicou que, no curso de Engenharia (e nos outros cursos ligados à tecnologia), os melhores livros estavam em Inglês. Os estudantes de Letras (Português-Inglês) passavam as horas vagas traduzindo páginas de livros, revistas, periódicos e outros textos justamente para os estudantes das engenharias, Medicina, Odontologia e outros, ganhando um bom dinheiro, e minha mãe estava com medo de ter que bancar isso.

Minha meta era o curso técnico, e acreditava que a faculdade de Engenharia era para um futuro a médio prazo, mas mesmo assim, fiquei com esse assunto na cabeça e procurei pesquisar mais a respeito.

Descobri que o aprendizado de um segundo idioma não era tarefa fácil. Precisaria de 1200 horas de estudo contínuo, no mínimo, porém, me agradava bastante a ideia de poder entender as letras de um estilo musical muito famoso nos anos 80 chamado rock. Era um sonho poder entender as letras das bandas Scorpions, Guns N’ Roses, Aerosmith, etc. Isso sem mencionar na torcida contra, que dizia que eu tinha que trabalhar e parar de perder tempo com aquelas “besteiras americanas”!

Comecei do zero. Com um dicionário Inglês-Português, que peguei emprestado com um vizinho, traduzia as palavras ao pé da letra, e logo, percebi que existiam diversos significados para uma mesma palavra, no início e fim da frase. Nas frases interrogativas e negativas… Enfim, uma salada completa! O que me frustrou no início.

O segredo era aprender as frases! Se um dia eu tivesse o privilégio de viajar ao exterior, e ter a oportunidade de me expressar em Inglês, eu o faria através de frases! E ouviria respostas em forma de frases também. Deu certo! Dominei algumas frases e depois de alguns meses, já entendia pequenos diálogos completos e traduzi as letras das bandas favoritas… Viva o rock! Com suas letras que falam de amor, paz e contra a tirania!

I don’t need your civil war
It feeds the rich while buries the poor
(Civil War – Guns N’ Roses)

Já depois de formado no curso técnico, o domínio do Inglês se mostrou um diferencial poderoso! Ele abriu portas e me permitiu trabalhar em grandes empresas. Consegui entender manuais, livros e outros textos em Inglês, conversava e trabalhava com expatriados, porém, minha pronúncia era pobre, e meus colegas de profissão davam risadas quando me ouviam falando em Inglês.

Como aquilo me deixava triste! Já tinha gasto diversas horas no estudo e aprendizado do idioma e agora riam de mim. Eu decidi melhorar a pronúncia e calar a boca daqueles bullers. Me dediquei bastante, e acabei por quase “copiar” a pronúncia dos gringos, diferenciando os diversos sotaques do Texas, sul de Londres, Jamaica, Escócia, etc. Já viajei diversas vezes ao exterior e lecionei em cursos de Inglês. Faço traduções simultâneas e canto as músicas das minhas bandas preferidas… Fiz tudo isso pois gosto de aprender Inglês, e continuo aprendendo.

Atualmente, um teste de Inglês não me assusta nem um pouco. Pelo contrário! Os selecionadores falam sobre isso com enorme nervosismo, pois bons candidatos nem sempre dominam o Inglês, e tem gente que, quando indagada sobre o nível do domínio, respondem: – Eu me viro! E na hora do “vamo vê”, gaguejam, arranham, embromam… E deixam o entrevistador gringo muito decepcionado.

Precisamos de mais profissionais que dominem o Inglês. Mas por quê?

Além dessa pergunta, temos algumas outras para responder. São elas:

  • Por que é tão importante o domínio do Inglês?
  • Como derrubar os bloqueios que tenho no aprendizado do Inglês?
  • Dominar o Inglês é mais importante que faculdade, pós e certificações?

É inegável a importância do domínio de um segundo idioma (95% dos casos, o Inglês). Isso vai te permitir viajar ao exterior, ter acesso à tecnologias estrangeiras, interagir com estrangeiros, tanto aqui no nosso país, quanto no exterior. Ler e comentar em blogs e páginas estrangeiras. Vai aumentar e melhorar sua cultura, e te tornar, não apenas uma pessoa mais interessante, mas um profissional mais desejado.

A Internet está lotada de notícias sobre desemprego e falta de oportunidades, porém, elas sempre existiram! As empresas, por sua vez, reclamam que não há profissionais qualificados. Essa qualificação não significa formação, habilidades e/ou experiência, mas um misto das três! Se o posto de trabalho em aberto demanda por um analista de projetos com domínio total do Inglês, e você é um analista de projetos sênior, mas não domina o idioma, então você vai continuar concorrendo à vaga, porém, nas últimas colocações.

Não sou eu quem vai afirmar que o domínio do Inglês é importante. Em algum momento da sua carreira, você mesmo vai notar, ou deve ter notado, que esse domínio acaba por diferenciar profissionais, independente do cargo, função ou da formação acadêmica, mas o irônico é que um diploma de curso de Inglês não tem importância nenhuma.

Você vai aprender e dominar o Inglês, quando realmente precisar;
Quando realmente quiser;
No momento em que estiver totalmente motivado…
Ou quando sua sobrevivência no mercado de trabalho depender disso!

Para minimizar essa questão, tanto os profissionais quanto o mercado de trabalho, criaram o termo “Inglês intermediário”, que permite aos profissionais trabalharem em posições onde o Inglês é necessário. E o mercado de trabalho, por sua vez, viu a oportunidade de pagar salários menores.

“Inglês técnico” não é domínio do idioma Inglês! Muitos profissionais de tecnologia gostam de afirmar que tem domínio do “Inglês técnico”, e que falta pouco para dominar o Inglês para leitura e conversação. Amigos, não vamos confundir “Inglês” com “vocabulário e jargão técnico”! Você precisa dominar os termos técnicos, se quiser produzir, não é mesmo? Da mesma forma, existem posições de trabalho que demandam o domínio consistente do Inglês para produzir.

O Inglês não é um idioma difícil de aprender. Na verdade, ele é um dos idiomas mais fáceis para aprender, pois tem poucas flexões verbais e vocabulário pobre. A origem do Inglês está no povo dos anglo-saxões, onde estes últimos, eram bárbaros com vocabulário muito pobre e muitas palavras monossilábicas, como tree, ash, sky, sun, try, two, tail, etc. Por esse e por outros motivos, que fizeram do Inglês um idioma universal, tanto na comunicação, quanto na engenharia, e mais recentemente, na diplomacia, dominada anteriormente pelo idioma Francês.

Se você levou anos durante a infância para dominar sua língua mãe, por que acredita que vai dominar o Inglês em pouco tempo? Só por que você é adulto? Na verdade sim, pois você já domina uma língua de referência e, portanto, não deveria ser tão difícil memorizar um código de comparação. Tarefa complexa mesmo tem os asiáticos, pois o alfabeto usado no Inglês, bem diferente da língua mãe deles, precisa ser aprendido para depois dominar o idioma.

Você fez algum curso para aprender o Português? Por que acredita que vai aprender Inglês em um curso de uma ou duas horas por semana? Aquelas 1200 horas necessárias para o aprendizado do segundo idioma, se diluídos por uma ou algumas horas por semana, resultaria em 8 anos! Mas se exercitada em duas horas diárias, diminuiria para dois ou três meses!

Eu queria muito aprender a tocar guitarra, e apesar dos vários videos no Youtube, Em São Paulo-SP, me matriculei em um curso de guitarra com um professor nota 10 chamado Vicente de Lutiis Neto (Vitché), e perguntei a ele quanto tempo deveria treinar por semana para ficar fera na guitarra em poucos meses. Ele não demorou a responder: – Duas horas diárias!

Aprender Inglês é o mesmo que aprender
qualquer outra coisa: Fé, foco e repetição!

Nem sempre matricular em um curso de Inglês, apesar dos vários métodos que prometem dominar o idioma em tempos cada vez menores, são a solução para você. Na maioria dos casos, trata-se de “terceirizar a preocupação”, porém, é muito útil quando você está em um nível muito básico no aprendizado.

Mas Marcelo, eu tenho um bloqueio para aprender o Inglês. Eu não consigo!

Bom amigo, se você acha mesmo que tem um bloqueio, e afirma que não vai conseguir, então sucesso é a última coisa que você vai alcançar!

Não vamos confundir desafios com bloqueios! Desafios todos nós temos! E bloqueios são criados por nós mesmos! Se os grandes inventores do passado tratassem desafios como bloqueios, não teríamos lâmpada, TV ou carro… E sequer esse dispositivo que você está lendo esse artigo.

A maioria dos que estão aprendendo o segundo idioma tem a fala como maior desafio (eu disse desafio, e não bloqueio). Isso é um processo natural, pois na mesma família, temos a escrita, a audição, a tradução e a interpretação. Geralmente somos mais talentosos em um ou mais desses itens, e deficientes em outros. O segredo é o mesmo da escola: Se dedicar onde mais precisa. Se você gosta de matemática e só estuda matemática, então vai tirar ótimas notas só em matemática… Não vai ser aprovado em todas as matérias e passar de ano!

No Brasil, o planejamento de carreira vem muito tarde. Já em plena atividade profissional, descobrimos que o domínio do Inglês se tornou “de coisa legal e bacana para se aprender” para “sobrevivência na carreira e grande oportunidade de crescimento profissional”. Não raro, nos vemos em dilemas sobre qual curso devemos gastar dinheiro e tempo… Graduação, pós, certificações ou Inglês?

Se esse for o seu desafio (aprender Inglês ao mesmo tempo que avança no seu progresso acadêmico), então que seja! Feliz é aquele que estuda, pois estará mudando sua realidade. Meu conselho é esse: Priorize o Inglês!

Uma dica valiosa e um ótimo investimento é um programa de imersão. Um local onde você poderá destravar seu Inglês, fomentar a conversação, fazer amigos e se dedicar com mais foco. Em São Paulo, recomendo a imersão do professor Daniel Bonatti.

Seguem abaixo algumas dicas que podem ser muito valiosas para aprender e dominar um segundo idioma. Aumento salarial, promoção e outras coisas são consequências e não são automáticas!

  1. Converse com alguém que já domina um segundo idioma. Verifique o que vocês tem em comum e peça dicas de estudo.
  2. Tenha real interesse no aprendizado e domínio do segundo idioma! Eleja esse assunto como prioridade e se dedique. Não deixe pra depois! Não dê bola pra torcida e transforme seu estudo em um hábito.
  3. Tenha contato diário com o Inglês. Escute músicas e diálogos em qualquer hora vaga que você tenha: Ônibus, metrô, final de semana, feriado, etc. Acostume seu ouvido aos fonemas do Inglês, e isso vai facilitar muito a memorização e a própria pronúncia.
  4. Não existe bloqueio! Existe desafio! Enfrente o desafio de aprender um segundo idioma e entenda que você vai conseguir, pois você já domina um idioma!
  5. Aprenda Inglês para seu benefício! Para sua cultura e lazer. A aplicação do Inglês em sua vida profissional será consequência.

Bons estudos a todos.

See you around.

Marcelo Ribeiro de Almeida

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Gerente de Projetos - Telemática.
Formado em Gestão de TI - UNIP;
MBA em Gerência de Projetos - UNIP;
Gestão de Pessoas - IBMEC;
Certificado ITIL V3 Foundation e estudando PMP;
Colaborador dos times de tradução do Linux Ubuntu e WhatsApp.


12 Comentários

Renan Colebrusco
3

Verdade. Muitos desanimam por achar que vão aprender em 1 semana, mas não é assim. Você tem que mergulhar no aprendizado, se dedicar e fazer do inglês parte do seu dia a dia.

Henrique Mata
4

Caro Marcelo,
Esse foi o melhor artigo que li referente ao Inglês!! Sei como é difícil lidar e aprender uma segunda língua, até mesmo com os costumes que temos em nossas pronúncias. Fiz 1,5 ano de inglês e acabei interrompendo o curso. O problema é que esquecemos quase tudo que aprendemos. Pretendo retomar os estudos (inglês) do básico ao intermediário e apostar em um intercâmbio antes do avançado… Vamos ver o que vai dá rsrs.
Um ótimo dia!

Fernando
9

Muito bom o artigo! Textos como o seu que estão me levando a encarar o desafio de fazer um intercâmbio com curso de inglês no mês que vem. Acredito que isso irá me ajudar a ter mais “jogo de cintura” quando for chamado para uma entrevista ou conversa em outro idioma.

Marco
10

Muito bom o seu artigo. Trabalho na área de TI. Estou dedicando mais tempo ao inglês pois a minha área exige. Tenho dificuldade na pronuncia, mas vou seguir sua dica de ouvir músicas dos anos 80. Parabéns.

Marcos
11

Ótimo post…
Não tenho muito conhecimento do inglês, mas acredite, comecei um método bem bacana que encontrei na internet, é um método bem bacana do Professor Mairo Vergara. Não faço propaganda, nem estou ganhando nada com isso. Não custa nada divulgar o trabalho desse profissional. O pouco que pude treinar e praticar ja vejo alguns resultados. Hoje quando consigo entender a frase, pareço uma criança que esta aprendendo a ler ou entender o que esta lendo, fico parecendo “bobo”, mas tudo isso porque estou conseguindo…

Paulo
12

Cara… se eu soubesse a falta que a língua inglesa ia fazer…
eu teria abandonado as borracheiras
e ia estudar
mas não abandonei
preferi beber
e agora, na hora de ler o manual
em vez de relaxar
eu vou sempre me sofrer.
É isso aí galera, aprendam ingles. Tudo, absolutamente que ajuda a vida a ser mais pratica esta em ingles. E esta la. Aprendam pra ontem. E, se possivel, espanhol, e frances, e mandarin e, principalmente o português.

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