O desafio de gerir equipes de diferentes gerações

É interessante e objeto de profunda admiração a força sinérgica que a colaboração é capaz de produzir. Talvez por isso os funcionários são agora mais referenciados como “colaboradores”. Importa saber, e com proficiência, que estágios elevados de verdadeira colaboração somente serão atingidos quando, independente da geração que cada um pertence, existir alinhamento, significado e constância de propósito no consciente coletivo da organização. Nesta hora, é que a sensibilidade do gestor que, ao lançar um olhar analítico sobre suas equipes percebe a necessidade de criar pontes entre as diferentes gerações, fará toda a diferença para executar a gestão, conferindo-lhe autoridade, respeito e admiração.

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Para o gestor não resta outra alternativa senão especializar-se em caminhar em território que requer o máximo de atenção. É preciso criar sua própria leitura sobre cada indivíduo antes de imaginar que tudo dele sabe apenas por conhecer sua data de nascimento. Alerto para o perigo da generalização da sopa de letrinhas que criamos para as gerações. Não se trata, nem de longe, de um código fonte de programação: “se indivíduo = “x” então (executar_rótulos_e_características_da_geração_x), senão, se for igual a “y”…ou “z”…e por aí vai. Simplesmente não funciona desta maneira. Temos aventureiros de quase 60 anos. E nostálgicos de 19. Cada indivíduo pode até ser classificado dentro de diferentes gerações, mas abraçará para si apenas o que lhe fizer bem e independente de como for rotulado terá sua própria receita de sucesso e felicidade.

Acredito que o grande desafio do gestor seja ressignificar, de acordo com cada geração e maturidade do indivíduo, sua leitura sobre tudo que sempre fez e fará parte do ato de gerir uma equipe: conflito, resiliência, motivação, decisão, comunicação, trabalho em equipe. Não é difícil de entender. Enquanto que para alguns o “conflito” é sinônimo de “confronto”, para outros representa oportunidade de aprender diante de diferentes pontos de vista. “Motivação” pode ser “sucesso financeiro” mas pode também ser “reconhecimento”.

O desafio certamente é grande e existe. Talvez o que a maioria não percebe é que são as coisas mais simples que constroem um grande gestor. É a preocupação genuína no desenvolvimento e bem-estar de sua equipe. O acolhimento das necessidades e o cuidado com as vontades que podem dificultar o caminho. É a sensibilidade de receber com interesse cada indivíduo e oferecer atenção e apoio. Comunicar com linguagem adequada e manter tratamento respeitoso e igualitário com todos. Para este tipo de gestor, a própria equipe se encarregará de fazer de sua gestão um sucesso. O tempo passará e as gerações também. Esta receita, eu sinceramente acredito que continuará a funcionar.

Gerações à parte, nessa metamorfose ambulante que é qualquer organização, o segredo parece ser o mesmo:

abraçar a tarefa de gerir, gostar de pessoas, estar aberto a aprender com cada geração, com cada indivíduo e combinar o que de melhor cada um tem a oferecer. Cada um no seu tempo. Na sua maturidade. Sua velocidade.

Reter talentos não é problema para a empresa que investe no aprimoramento da sua gestão. Cada centavo investido é retorno garantido, principalmente quando os talentos estão distribuídos em diferentes décadas.

Gilmar Tamanini

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Graduado em Ciências da Computação e Administração de empresas com MBA administrativo para empresários pela fundação Fritz Müller em parceria com a Fundação Dom Cabral. Construiu sua carreira no setor de tecnologia trabalhando para British American Tobacco na Souza Cruz com experiência em sistemas operacionais, redes e banco de dados. Sponsor da certificação CMMi para desenvolvimento de projetos e serviços de suporte, já atuou em várias áreas da Teclógica, executando consultoria em tecnologia, gestão da fábrica de software e direção da área de operações e pesquisa e desenvolvimento. Exerce a função de CEO na Teclógica desde 2009.


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