Produto à venda na rua: hora de fritar o pastel

Olá amigos do PTI,

Quem já se deparou com a situação onde uma área comercial vende um produto que não existe e depois aparece na área de projetos com a seguinte pérola: “O produto já está à venda na rua. Vocês têm 2 meses para desenvolvê-lo”?

Geralmente meu questionamento para este tipo de situação é o seguinte: “Ué, mas cadê a definição ou ao menos o roadmap deste produto?”

E geralmente a réplica é essa: “Mas Vitor, você não é o cara do ágil? Do Scrum? Das entregas rápidas? Definição pra quê?” E neste momento você chega a perder um pouco da esperança de trabalhar com projetos e acredita que esteja fazendo parte de um ramo de pastelaria.

Imagem via Shutterstock

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Geralmente caímos em 4 tipos de situações:

  1. O prazo não é cumprido; ou
  2. O prazo é cumprido, mas a qualidade deixa a desejar; ou
  3. O prazo é cumprido, mas algumas funcionalidades importantes e/ou diferenciais ficam de fora, gerando um produto “capenga”; ou
  4. O prazo é cumprido, mas não com todas as funcionalidades previstas. Apenas as funcionalidades identificadas como MVP/MMF entram no ar.

O 4° cenário é o único onde temos algum tipo de sucesso. Mas não deve esconder a falha grave do processo!

“Mas Vitor, que falha grave é essa?”

Ora, não podemos considerar como projeto somente o desenvolvimento técnico do produto. Toda sua concepção (características do produto, público-alvo, campanha de marketing e vendas, estratégia de lançamento piloto, transição para operação, infraestrutura, tecnologia, desenvolvimento técnico) deve fazer parte de um único projeto. Consequentemente o prazo deverá ser fornecido de acordo com a estimativa de prazo de cada área ou etapa envolvida.

Se bobear, dependendo do porte do projeto, não estamos falando nem de um projeto e sim de um programa. Onde cada frente (marketing, produto, TI, jurídico) tem seus projetos com um gerente de programa coordenando todas as integrações.

“Mas Vitor, o produto precisa estar na rua até dia 31/07, pois a concorrência vai lançar produto similar no dia 01/08. Não dá para esperar todas áreas darem o prazo”. Ok, então neste caso se o prazo é a restrição máxima que tal planejarmos através de um bom MVP/MMF e entender como trabalhar de forma ágil em projetos de restrição de prazo sem deixar de entregar valor?

O que é inaceitável é vender algo sem planejamento e comparar sua área de projetos com a agilidade de uma pastelaria: “Dá um pastel de queijo, agora manda um de carne, mudei de ideia quero um de palmito agora”. Isso aí não tem nada a ver com planejamento ou planejamento ágil. Isso chama-se “fazejamento” e tem um final quase sempre infeliz!

O intuito deste artigo não é burocratizar ou minimizar o poder de venda de empresas que vivem disso. O objetivo é mostrar como podemos usar um pensamento Lean para fazer ao menos um planejamento para garantir uma entrega de valor e qualidade dentro do prazo esperado.

Abaixo a pastelaria, rumo à cultura projetizada ágil!

Abraços e até o próximo artigo!

Vitor Massari

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Profissional com mais de 15 anos de experiência em projetos de software. Sócio-proprietário da Hiflex Consultoria, profissional PMP e agilista, acredita no equilíbrio entre as várias metodologias e frameworks voltados para gerenciamento de projetos.
Lema: "Agilista convicto sempre, agilista obcecado jamais"


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