REDE ELÉTRICA + INTERNET… Revolução ou Decepção?

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É uma REVOLUÇÃO! Irreversível. Um dia voce vai usar.

Apesar de ser uma tecnologia simples, possui muitos problemas pois ainda está no início de seu desenvolvimento. Por isso, como sempre acontece, também vair ser uma DECEPÇÃO para muitos usuários, até que ela amadureça e os ‘bugs’ sejam corrigidos ao longo do tempo.

Podemos comparar com o que aconteceu com a tecnologia do celular. Explodiu rapidamente, uma grande REVOLUÇÃO tecnológica, que mudou o modo de vida da maioria da humanidade, mas ao mesmo tempo uma grande dor de cabeça, ou uma DECEPÇÃO, para muitos usuários. É assim mesmo.
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CUIDADO!

Prepare-se para utilizar essa nova tecnologia, e não ter uma grande DECEPÇÃO.

Sabemos que a rede elétrica melhorou muito, mas… ainda deixa muito a desejar.

Porém, os problemas na rede externa são contornáveis, até certo ponto. Mais adiante vamos explicar como.

A ‘bronca’ está na rede interna do usuário. Veja a situação:

… estou assistindo TV e lá na cozinha o liquidificador é ligado. O que acontece? A TV fica cheia de chuviscos (interferência).

Acho que isso ainda acontece em muitas residências, principalmente as com circuitos monofásicos (a maioria). E são vários os equipamentos eletrodomésticos que produzem interferências, mesmo em sistemas trifásicos.

Então, o que vai acontecer com o (muito sensível) sinal de dados?

Com certeza, vai enlouquecer. É muito ‘ruído’ ou interferência, e isso o sistema não consegue filtrar. É DECEPÇÃO na certa.

Então, devemos ‘preparar’ o nosso circuito para dados.

PRINCIPAIS PROBLEMAS

O sinal acaba se corrompendo em distâncias muito longas, principalmente devidos aos seguintes problemas:

  • Manter a alta velocidade com longas distâncias, pelo encapamento plástico “roubar” os sinais de alta frequência;
  • Os fios de cobre com tal frequência podem interferir em alguns equipamentos eletro-eletrônicos, por fazer com que os dados gerem ruído no espectro eletromagnético, além de haver possibilidade de corromper os dados pela captura do sinal de rádios e outros;
  • Da mesma forma, alguns aparelhos podem interferir na transmissão;
  • Emendas, “T”s, filtros de linha, transformadores, e o ligamento e desligamento de eletrônicos na rede elétrica causam ecos do sinal, por criar pontos de reflexão, com isso podendo haver corrupção dos dados;
  • Necessidade de instalação de “repetidores” (veremos seu funcionamento mais adiante) em cada tranformador externo (aqueles dos postes), pois filtram sinais de alta frequência.

SOLUÇÃO

Por estes e outros problemas menores, é que as empresas operadoras e concessionárias de energia, para contornar a maioria dos pontos críticos, deverão adotar um sistema híbrido, onde a rede elétrica só será utilizada onde não houver rede lógica. Devemos destacar que nos grandes centros urbanos a rede lógica é muito boa, com backbones em fibra ótica, etc. Assim, basicamente, a rede elétrica só seria utilizada a nível do usuário, eliminando os problemas ‘externos’ existentes na rede elétrica.

Nas regiões mais distantes dos centros urbanos, onde a rede lógica é deficiente, o sistema irá utilizar quase que totalmente a rede elétrica. Aí sim, o trabalho deverá ser muito grande para enfrentar os problemas causados pela precariedade do sistema elétrico.

MAS, SÃO MUITAS AS VANTAGENS

Entre elas, estão a facilidade de implantação pois, a rede elétrica é a mais abrangente em todos os países, e cobre 95% a 98% da população nacional, dependendo da região. E não apenas isso, reduz os gastos com implantação de infraestrutura independente, gerando alta economia.

img-3aec6c93A praticidade é enorme, pois basta ligar um equipamento como esse na tomada, conectando o cabo de rede em seguida.

Outro ponto importante é a alta taxa de transmissão podendo chegar a até 200Mbps.

A segurança também é um ponto importante: ao contrário da rede Wi-Fi, onde um usuário pode tentar se aproveitar do sinal do próximo, no PLC quem compartilha do mesmo “relógio”, não tem como compartilhar a conexão de rede, devido à criptografia com algoritmo DES de 56 bits.

Os eletrodomésticos deverão ter dispositivos Ethernet, USB, wireless ou ponte de áudio, passando a fazer parte da chamada “casa inteligente” ou “sistema elétrico inteligente” ou qualquer outro nome, bastando comprar módulos PLC que inclusive já estão à venda, como o mostrado na figura acima, ou seja, o equipamento estará conectado a rede elétrica e a rede de dados, podendo receber comandos a distância ou programados por computadores.

Passando para o lado mais operacional do sistema elétrico de distribuição de energia, teremos o uso dos “grids inteligentes”. Estes têm a função de monitorar toda a extensão da rede de energia elétrica, reduzindo perdas na transmissão e distribuição de energia elétrica. Com o grid inteligente, as quedas são reduzidas em 80%, e as perdas serão reduzidas em 10%, pois, num corte, por exemplo, o grid já aciona automaticamente a central e informa o local do ocorrido.

Além disso, pode ser oferecido um desconto para usuários que não utilizarem o serviço em horário de pico, por exemplo – já que o grid informa à central de forma instantânea todos os dados de consumo e medição de energia elétrica. Por isso, esta tecnologia dispensa o uso dos ‘leituristas’, aqueles funcionários que vão de porta-em-porta.

Funcionamento

O princípio básico de funcionamento das redes PLC (Power Line Communication) é a frequência dos sinais de conexão na casa dos MHz (1,7 a 30), e a energia elétrica é da ordem dos Hz (50 a 60 Hz). Os dois sinais podem conviver harmoniosamente, no mesmo meio. Com isso, mesmo se a energia elétrica não estiver passando no fio naquele momento, o sinal da Internet não será interrompido. A tecnologia, também possibilita a conexão de aparelhos de som e vários outros eletroeletrônicos em rede, como já dito acima. A Internet sob PLC possui velocidade não assíncrona: ou seja, você tem o mesmo desempenho no recebimento ou envio de dados.

Analisando em termos gerias em uma cidade, temos um esquema hipotético, pois como vimos não haverá um padrão, e as redes lógicas serão utilizadas intensamente:

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A especificação mais usada hoje é a DS2, que se originou na Europa. Nos EUA, também é usado o padrão HomePlug. As versões comerciais vendidas no exterior possuem velocidade média de 200 Mbits/s. O principal diferencial entre os padrões é a frequência – cada uma com suas vantagens.

Como vimos, o sinal elétrico e o sinal de dados trabalham em frequencias distintas, ou seja, uma não interfere com a outra, devido às grandezas serem diferentes. Porém, parte da onda (1,7 a 3 Mhz) e toda a onda média (3 a 30 Mhz) ficam inutilizadas e prejudicadas por outros equipamentos que causam interferências, como equipamentos com motores, secadores de cabelos, aspiradores e as furadeiras elétricas, além dos dimmers de luz, havendo uma menor possibilidade também dos chuveiros elétricos e fornos de microondas.

Vale lembrar também que os equipamentos PLC não podem ser ligados à no-breaks, estabilizadores ou filtros de linha, pois este bloqueiam sinais de alta frequência.

E então, o que será do BPL (Broadband over Power Lines)?

Apesar dos muitos problemas, transformar a rede de telefonia (através do VoIP), rede de dados e internet, e rede elétrica numa linha só, com certeza é uma grande REVOLUÇÃO.

Com relação a DECEPÇÃO, podemos dizer que, assim como a tecnologia ADSL, que leva dois tipos de sinais num só fio (dados e voz), e, as interferências podem ser consertadas ao longo do tempo, com novos equipamentos que respeitem essa faixa de frequência, além de outras tecnologias e padrões internacionais que vão sendo naturalmente incorporadas. Ou seja, a maioria dos problemas enfrentados podem ser resolvidos com uma boa dose de tempo. Claro que, essa teoria só é válida se houver interesse muito grande de empresas e principalmente de governos, além de uma cooperação entre companhias de eletricidade, Internet e telefonia.

Como explicou Eduardo Kitayama, consultor técnico de vendas da Panasonic Brasil, a empresa trouxe seus modems para conexão pela tecnologia Power Line Communication (PLC) e colocou três equipamentos em Barreirinhas, em uma biblioteca pública, em um restaurante e em uma loja, onde as conexões estão sendo feitas a uma velocidade de 200 Mbps — hoje as velocidades mais altas no país são a 30 Mbps. Em Recife (PE), por exemplo, elas deverão testar o PLC em um novo empreendimento imobiliário que está em fase de construção.

Nas grandes metrópoles, especialmente em prédios antigos, o PLC também pode ser uma alternativa à uma infra-estrutura já obsoleta e congestionada.

A companhia já vende modems para conexões pela rede elétrica em seu próprio país de origem, além de nos Estados Unidos, México e algumas nações da Europa. No Japão, explicou ele, “o modem PLC já é vendido nas prateleiras das lojas”.

A empresa também planeja a conexão de equipamentos através desta tecnologia. No Japão, por exemplo, um interfone é conectado a uma TV de plasma e, com a conexão via PLC, permite ao morador ver a imagem da pessoa que está batendo em sua porta.

Como admite que “a escassez de energia é uma preocupação”, Kitayama afirma que o PLC poderá, inclusive, ajudar no controle de gastos de cada eletrodoméstico se estiverem conectados aos medidores de consumo da concessionária de energia.

No Brasil, algumas empresas do setor de energia elétrica estão continuando seus testes, além de que tecnologias européias podem ser importadas, isso se nenhuma universidade brasileira desenvolver algo antes.

O sistema já está sendo testado em Barreirinhas no Maranhão, em Goiânia, Recife, São Paulo, Santo Antônio da Platina no Paraná e em Porto Alegre.

Vai ou não vai haver uma REVOLUÇÃO?


7 Comentários

Gustavo
2

Q aula!
Eu só acho que essa internet por energia deve substituir o acesso discado para que um pessoal de baixa renda tenha acesso. Além dos problemas sitados por vc, posso acrescentar que é mais provavel faltar Luz do que cair um SW de uma operadora (q ultimamente tem acontecido bastante).

Cleber
3

Muito bem lembrado Gustavo… me esqueci de falar sobre a questão da falta de energia elétrica.
Neste caso, pode faltar energia e o sinal lógico permanece (são sinais independentes), ou seja, se a pessoa estiver usando um notebook ou tiver um nobreak, pode continuar navegando sem problemas.
E o foco social citado por voce, acho que é uma questão fundamental, e as concessionárias de energia, telefonia e operadoras estão discutindo nesse momento de implantação da nova tecnologia.
Agradeço a sua participação. Parabéns.

Eduardo
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@Cleber,
Meu caro, parabens pelo texto, muito bem explicativo. Espero um dia usar no Rio de Janeiro (Niteroi). Na minha casa não possuo velox, devido que a central onde esta meu telefone não é digital. Espero que também venha logo esta tecnoliga, pois tenho escutado desde 2001.
Abraços
Eduardo Pereira

Édipo Maciel
5

Excelente aula!! Porém, pensemos por um lado, (aumentando o ibope da DECEPÇÃO) em áreas em que há frequentes variações de energia elétrica, onde, em tempos chuvosos, constantemente modems são queimados (exemplo clássico de Belo Horizonte), lugares onde devemos desligar nossos aparelhos telefônicos em dias de tempestades (até mesmo em pequenas chuvas) para que não queimem. Fico imaginando usar o cabo de rede e a quantidade de placas (mãe e de rede) que irão queimar pela variação (completamente imprevisível) da tensão na rede. (*tenho uma coleção de modems 56k queimados devido à isso ^_^)

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