Tecnologia da Informação é ESTRATÉGICA para o negócio

Você já ouviu que Tecnologia da Informação é uma área de custo dentro da organização? Eu já!

Hoje quero falar um pouco sobre como mudar essa imagem e fazer dela estratégica para o negócio.

Primeiro, vou compartilhar com vocês uma história que ouvi e gostei muito, pois acredito que ela ilustra a questão sobre equívocos e mudanças de paradigmas.

Uma mulher, que acabou de comprar uma xícara de café e cinco biscoitos de chocolate, sentou-se em uma mesa em frente à loja de biscoitos, de frente para um homem desconhecido que estava sentado na mesma mesa. Depois de provar o café, ela tirou um biscoito do pacote.

Assim que ela começou a comer, o homem pegou o pacote e tirou um biscoito. Paralisada de raiva, silêncio e descrença, ela comeu o primeiro biscoito e pensou no que fazer depois. Será que ela imaginou o que ela tem certeza que viu? Ele teria coragem de fazer isso novamente?

Finalmente quando a curiosidade passou, ela pegou um segundo biscoito no pacote. Confiante, o homem também foi e pegou outro biscoito, estampando um enorme sorriso no rosto enquanto comia. Somente a sua certeza de um autocontrole impecável a impediu de protestar contra esse ladrão de biscoitos. Afinal, a arrogância deste homem era extraordinária, e ele não parecia um mendigo, vestido de terno e gravata.

Já que havia apenas um biscoito sobrando, ela engoliu o seu segundo biscoito e novamente foi ao pacote. Mas ele foi mais rápido. Com um sorriso radiante, e ainda nenhuma palavra, ele quebrou o biscoito que sobrava ao meio e ofereceu a ela. Em total descontentamento, um olhar de indignação começou a se formar, ela então se levantou, pegou sua grande bolsa e foi rapidamente em direção ao carro. No carro ela até deixou escapar uma pequena ofensa de seus lábios, enquanto procurava as chaves na bolsa.

Seus dedos acharam, ao lado das chaves, seu pacote de biscoitos fechado! Essa mulher sofreu uma mudança abrupta na visão de seu próprio comportamento, como uma extensão ao seu equívoco na situação dos biscoitos.

Quero usar essa história para descontrair e chamar a atenção para um equívoco que muitas empresas cometem ao tratar Tecnologia como custo, sendo que Tecnologia é uma ferramenta estratégica para os negócios e quando empregada dessa forma, na coleta e processamento de dados, gera grandes resultados.

A mudança de pensamento equivocado em relação a Tecnologia deve começar pela própria área de Tecnologia da Informação. Isso porque os gestores precisam se aproximar das áreas de negócios e entender como as mesmas funcionam. Os dados só passam a ter sentido quando analisados e correlacionados com outros, gerando, a partir de então, informações que venham a ser validadas com outros profissionais das áreas de negócios que podem sofrer os impactos.

Falo isso, pois ao longo dos anos percebi que muitas empresas simplesmente coletam dados para encher os discos rígidos.

Se não tem como correlacionar ou extrair aprendizado deles, de que servem então?

Por isso, talvez, devemos refletir se apenas juntar bancos de dados sem análise não pode ser a causa da fama de TI ser uma área de custo. Não digo que é apenas isso, tratar tal assunto com tanta simplicidade seria irresponsável. Mas quero deixar um convite a reflexão de como a Tecnologia pode ter um papel fundamental nos modelos de negócios e gerar impacto em operações e resultados.

Algumas empresas instalaram sistemas de Business Intelligence por modismo até, pois acabam não entendendo seu papel estratégico. E, as vezes, pensam estar extraindo dali informações uteis, mas sem uma comunicação adequada com as áreas de negócios, ficarão como a senhora da história, indignada com o homem à sua frente e sem trocar nenhuma palavra.

BI não é apenas um sistema, mas um conjunto de técnicas e ferramentas que permite a organização a análise das informações para o suporte a tomada de decisão.

Vou quebrar outro paradigma aqui. Vamos pensar que sua empresa não tem condições de comprar um sistema especializado, mas possui tabelas de dados de produção dos últimos anos. Quantas vezes eles foram analisados e correlacionados com paradas de equipamentos, por exemplo? Será que a TI não se aproximaria mais da produção ao buscar tratar esses dados?

Quero deixar apenas um exemplo simples do uso da análise de Pareto, que tem por base a clássica regra 80/20. Ou seja, 20% das ocorrências causam 80% dos problemas. Ou, ainda, que 80% do seu faturamento vem de 20% dos seus clientes. Mas como chegar a essas relações e analises de forma simples com o que se tem em mãos hoje?

Voltando ao exemplo das paradas de equipamentos, vamos supor que através de observações e coleta de dados, determine-se que há seis causas de paradas. Em vez de tratar as causas de forma aleatória, uma análise de Pareto poderá lhe mostrar que 80% dos problemas são provocados por duas maiores causas.

Isso lhe dá informações para saber quais as causas deverão ser resolvidas com prioridade. Isso é uma estratégia para o tratamento, com fatos e dados como base.  Segue um exemplo simples para implementação abaixo:

Criar uma tabela listando todos os problemas ou as causas observadas

Problema 1

  

Problema 2

  

Problema 3

  

Problema 4

  

Problema 5

  

Problema 6

  

Para cada problema, identifique o número de ocorrência por um período fixo de tempo.

Problema 1

 115

Problema 2

25 

Problema 3

50 

Problema 4

Problema 5

Problema 6

15 

Ordene os problemas por número de ocorrência, do mais alto para o mais baixo.

Problema 1

 115 

Problema 3

 50 

Problema 2

 25 

Problema 6

 15 

Problema 4

 5 

Problema 5

 5

Acrescente uma coluna para o percentual acumulado.

Problema 1

 115 

53%

Problema 3

 50 

77%

Problema 2

 25 

88%

Problema 6

 15 

95%

Problema 4

 5 

98%

Problema 5

 5

100%

Outras colunas podem ser acrescidas conforme a necessidade, tais como: tempo de parada, custo, esforço de solução, equipes envolvidas e impactos em outras áreas.

Com essa análise, embora tenham seis problemas identificados, se concentrar primeiramente nos problemas 1 e 3 trarão resultados significativos. O diagrama de Pareto formatado fornece informações para a tomada de decisões mais efetiva por parte dos envolvidos.

Tecnologia da Informação como estratégia de negócio requer dos profissionais quebra de paradigmas e boa comunicação com todos os níveis e áreas das empresas.

Isso faz sentido para você, profissional de TI?

Renata Lopes

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Renata Valéria Lopes. Profissional com mais de 20 anos na área de Tecnologia da Informação. Graduada em Processamento de Dados, Pós-graduada em Gestão Empresarial e Gestão de Pessoas com Coaching. Leitora compulsiva, blogueira, apaixonada por redes sociais e estudante em constante desenvolvimento, acredita na cooperação, colaboração e compartilhamento do conhecimento como forma de aprendizado.


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