Regulamentar ou não: Eis a questão!

Por que algumas profissões são regulamentadas?

Exemplo: Engenheiro. Se uma montanha russa desabar e matar pessoas, este profissional poderá ser responsabilizado.

As pessoas precisam ter a garantia de que a montanha russa é segura, pois não há como “testar” se a estrutura está segura depois de pronta.

Quando as pessoas sabem que ela foi projetada por uma pessoa que ficou pelo menos 5 anos em uma faculdade se preparando para isso e assumiu essa responsabilidade, elas se sentem mais seguras.

Eu não andaria em uma montanha russa projetada por uma pessoa que estudou no Youtube por alguns meses, ou não consultaria um “médico” formado em meses de Youtube.

O cliente está interessado em saber quem presta o serviço, devido à segurança. Nesses casos, a regulamentação faz todo o sentido e tem a segurança como base, e faz com que somente o profissional qualificado possa atuar.

E mesmo o piso salarial dele, que faz o preço final do serviço ficar mais alto (maior do que se não houvesse regulamentação), esse preço maior está atrelado à garantia para os clientes de que o risco é baixo.

Mas, no caso de TI, a situação é diferente

Sendo o produto um software, há várias formas de testar se esse software é seguro e satisfaz às necessidades do cliente. O cliente não está interessado em “quem fez o software” ou se a pessoa é formada, mas sim se o software é bem feito e funciona. Quem se beneficia é o profissional que faz o melhor software, e não o que tem mais formação.

Mesmo que o software envolva risco à vida, como, por exemplo, nas cabines dos aviões e nos equipamentos hospitalares, a empresa responsável pode (e vai, para manter sua reputação) fazer diversos testes para minimizar os riscos, para garantir seus padrões de segurança. Até os próprios testes podem ser testados. Por isso, se o software foi feito por um formado ou não, no final, se for de qualidade, não vai fazer diferença.

E se o cliente só quer saber se o software funciona, é vantajoso para ele (cliente) poder contratar o serviço de qualquer profissional, mesmo que não seja formado. Com isso, ele pode conseguir preços menores e ficar satisfeito.

Mas se o cliente quer que o software seja feito por uma pessoa formada, pois acredita que o formado é melhor para aquilo, e estando disposto a pagar mais por isso, nada o impede de procurar por esse serviço. Isso dá mais liberdade ao cliente.

Vejamos agora o ponto de vista reverso: as consequências da eventual regulamentação de TI

Isso tornaria crime contratar serviços de software de pessoas não autorizadas. Os profissionais de TI formados teoricamente teriam uma reserva de mercado e um piso salarial. Melhores condições de trabalho. Respeito. Não seria qualquer um que poderia dizer “eu sou de TI”. Clientes teriam garantia de serviço feito por graduados.

Seria um mundo perfeito para os profissionais. (?) Será que estamos analisando a situação de forma abrangente o suficiente, dada a complexidade do mercado?

Essa visão é de que, após a regulamentação, o mercado funcionaria como é hoje (sem as consequências negativas da regulamentação) – isso vira um paradoxo.

Seria bom mesmo regulamentar? Será que isso faria alguma diferença? Como isso melhoraria a vida das pessoas na sociedade? Como ficaria a fiscalização?

Ficaria assim: as empresas funcionando normalmente, até que chegam fiscais do conselho regional de TI, confiscando os computadores, tablets e equipamentos para buscar, entre milhares de aplicativos, algum que não seja legalidado e feito por profissionais regulamentados.

As empresas teriam que ter o cupom fiscal de praticamente todo o software ou alteração de software que tivessem.

Até a mudança nas configurações do site, ou dos equipamentos se encaixariam como “serviços de software” fiscalizados. A burocracia se multiplicaria por 1000, travaria o funcionamento das empresas, todo mundo ficaria com ódio da regulamentação da área de TI e se perguntaria: Por que diabos essa área é regulamentada?

Sobre as condições de trabalho e exploração da área de TI

Será que precisamos mesmo de regulamentação para ter melhores condições de trabalho, ou estamos apenas abrindo mão dos direitos que já temos?

Será que com a área regulamentada, seria bom mesmo para nós? Por exemplo: a engenharia é regulamentada, mas TI não. Há engenheiros de computação contratados como “analistas de sistemas” – um artifício usado pelas empresas para driblar a regulamentação.

Será que, no fim das contas, não seríamos todos driblados?

No mundo em que a grande maioria das pessoas usa Windows piratas e não está nem aí para fiscalização, será que ela seria mesmo respeitada?

Ao invés de profissionais de TI, não seríamos contratados como meros operadores de computador, para as empresas driblarem a regulamentação?

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3 Comentários

Zeca Albuquerque
1

Cara autora, sinceramente, seus argumentos foram tirados de um pesadelo de dona de empresa? É justamente por artigos como esses que se faz necessário um olhar criterioso sobre esse tema. Seus argumentos são rasos, como você pode afirmar que “As pessoas precisam ter a garantia de que a montanha russa é segura, pois não há como ‘testar’…” Como assim? Não há como testar? Por acaso ao se projetar uma avião não há testes, e muitos, antes de ser liberador para o uso diário?

Esse argumento de que nossa profissão não precisa ser regulamentada porque fazemos algo que não vai “matar” alguém se não funcionar é totalmente sem lógica. Hoje tudo é sistema, desde a manutenção no site, como mencionado por você, até o controle de oxigênio na estação espacial, passando por controle de semáforos, controle de rotas ferroviárias, controle de fluxo aeronáutico etc. Em breve teremos mais dispositivos que arriscarão a vida humana sobre nossa responsabilidade, tais como carros autônomos e principalmente na área de saúde, logo, você vai querer um estudante de Youtuber responsável por isso, jugo que não.

Vejo que seu ponto de vista é defendido, principalmente, por pessoas que não conhecem o estudo formal, seja qual for o motivo disso, mas é essencial ficar claro que uma regulamentação da profissão tem como principal objetivo assegurar um mínimo de qualidade aos serviços prestados e que teremos uma posição civil oficial (Conselhos) perante o Mercado. O mesmo grupo que adora ouvir opiniões como a sua “deixa tudo na mão do mercado, ele é o principal ator regulamentador da profissão” como se o Mercado fosse eu ou você, não, o Mercado é formado pelas aquelas pessoas que se pudessem contratar um robô e demitir 10 seres humanos o fariam, pois visam comente uma coisa, o Lucro. Aliás, como já estão fazendo e vão continuar fazendo, agora que a IA chegou para ficar.

Falta reflexão profunda ao tema, a maioria dos que tentam defender a sua visão, são pessoas medíocres (não no sentido pejorativo, mas mediano), ou mesmo pessoas abaixo da média que descobriram a lógica da programa, mas que não passam disso, por isso esse receio todo com a regulamentação da profissão.

Sergio Stein
2

Regulamentação só serve para criar mais taxas para os profissionais. Não ajuda em nada. Cria um bocado de cargos e não funciona, nunca funcionou e não é com TI que vai funcionar. Parem de tentar enfiar mais taxas a troco de falácia, querer cargos no futuro e cobrar taxas inúteis aos profissionais. Minha profissão anterior era regulamentada. Entrei em TI (fiz nova faculdade) e uma das melhores coisas é não ser regulamentada.

Julio Sardenberg
3

A profissão de TI hoje pode ter mais importância em causar ou não um desastre do que qualquer outra profissão.
Todas as áreas profissionais hoje em dia trabalham apoiadas em sistemas computacionais e caso este seja desenvolvido com alguma falha lógica ou arquitetural o profissional e seus clientes serão afetados diretamente.
É fato que a regulamentação iria trazer alguns pontos negativos, forçaria a formação acadêmica, criaria orgãos reguladores, porém os pontos positivos seriam muito maiores para os profissionais de TI e principalmente para os clientes que como já disse acima são afetados diretamente pela qualidade dos sistemas.

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