Liderança Situacional: em busca de equipes de alto desempenho

Olá amigos,

No meu último artigo, falamos um pouco sobre os tipos de conflitos dentro de uma equipe e encerrei introduzindo o conceito de liderança situacional para gestão de conflitos.

Primeiramente vamos entender um pouco dos estágios de formação de uma equipe, seguindo o modelo de escada de Tuckman, conforme figura abaixo:

tuckman

1) Formação (Forming)

Momento onde os membros da equipe começam a trabalhar juntos, o conhecimento ainda não está sendo compartilhado e a relação de confiança ainda não foi estabelecida

2) Conflito (Storming)

Momento onde os membros da equipe começam a se conhecer e surgem os conflitos de personalidades e opiniões técnicas. Nesta fase é onde surge a famosa “pessoa difícil” da equipe ou mesmo o facilitador que diz que facilita mas só dificulta (esta figura controversa do facilitador será tema do meu próximo artigo). Temos aqui retenção de conhecimento entre membros específicos da equipe, pouca colaboração e desconfiança.

3) Acordo (Norming)

Momento onde os membros da equipe começam a entender o modus operandi uns dos outros, começam a respeitar suas diferenças e começam a atuar como um verdadeiro time, trabalhando em prol do objetivo do projeto, compartilhando conhecimento e criando um ambiente colaborativo.

4) Desempenho (Perfoming)

Momento onde os membros da equipe atingem o grau máximo de produtividade, sinergia e colaboratividade. São equipes criativas que já não mais compartilham o conhecimento e sim criam conhecimento.

– “Mas Vitor, é muito difícil chegar nesse estágio de desempenho, não acha?”

– “Totalmente ! Em alguns ambientes te digo que é praticamente impossível!”

– “Mas qual é o papel do líder ou gestor para ajudar a equipe a chegar neste estágio?”

– “Excelente pergunta.”

Vamos fazer um comparativo destes estágios na visão do líder

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1) Direcionar

Quando a equipe se encontra no estágio de formação (forming), o comprometimento é alto, porém, a equipe ainda está tentando entender o que se espera dela. Neste caso o líder deve direcionar cada membro da equipe, dar uma diretriz clara do que deve ser feito, alinhar as expectativas de cada membro com as expectativas do projeto.

2) Coaching

Quando a equipe se encontra no estágio de conflito (storming), as preocupações são maiores com os conflitos do que com os objetivos do projeto. Se o conflito atingir um estágio irreversível, conforme escrevi no artigo anterior, temos um risco alto do projeto fracassar. Neste estágio o líder deve ter um perfil forte de coaching, pois terá que direcionar os trabalhos dos membros e trabalhar o fator humano, ajudando a resolver conflitos, criando meios e atividades de construção de equipe buscando ter um time nas mãos e não um conjunto de talentos individuais.

3) Suportar

Quando a equipe encontra no estágio de acordo (norming), a tendência é que a equipe comece a atuar de forma auto-organizada (equipes que sabem o que tem que ser feito, como deve ser feito e como se organizarem para atingir o objetivo) tendo o líder como uma figura de suporte e de líder servidor, muito mais que um direcionador de tarefas.

4) Delegar

A equipe está no auge da auto-organização, no estágio de desempenho (performing), altamente comprometida com os objetivos do projeto e vê em seu líder o grande capitão, inspirador, coach e consigliere. O líder pode delegar responsabilidades e fazer um acompanhamento macro, pois sabe que tem uma equipe de altíssimo nível nas mãos.

Como podem perceber, o papel do líder é muito importante para o desenvolvimento da equipe. Líderes com perfil “a palavra final é minha e ponto final, não se esqueça para quem você se reporta”, facilitadores que não facilitam ou estilo “amanhã a gente conversa” dificilmente terão uma equipe auto-organizada e de alto nível nas mãos.

A tarefa de desenvolver equipes não é fácil, mas se fosse fácil qual seria a graça? 🙂

Abraços e até o próximo artigo

Vitor Massari

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Profissional com mais de 15 anos de experiência em projetos de software. Sócio-proprietário da Hiflex Consultoria, profissional PMP e agilista, acredita no equilíbrio entre as várias metodologias e frameworks voltados para gerenciamento de projetos.
Lema: "Agilista convicto sempre, agilista obcecado jamais"


4 Comentários

Marcelo L. Barros
1

Olá, Vitor!
Acho muito interessantes os teus artigos e a forma como escreve e passa os conceitos. Você é um grande compartilhador de informações! Mas, por favor, permita-me observar algumas coisas em relação ao tema proposto. O teu artigo anterior termina questionando justamente o que é Liderança Situacional, criando o gancho para este novo texto. Este novo texto temos uma série de conceitos que ajudam o líder situacional a se moldar às circunstancias de forma flexível, dando liberdade aos colaboradores ao mesmo tempo que monitora seu desempenho. Perfeito! Só gostaria de ter lido um pouco mais da tua visão sobre o que efetivamente é a liderança situacional. Senti falta apenas da exploração do conceito. No mais, teu artigo é brilhante! Vou compartilhar, com certeza! Obrigado por compartilhar sua visão conosco! Sucesso!

Juliana Pagliuca
3

Perfeito.
Explica muita coisa.
Desconhecia esse assunto até ler o seu artigo na Mundo PM deste bimestre. Aliás acabei de lê-lo e me achou a atenção o conecito de liderança situacional e me fez pesquisar o que seria a tal “escada de Tuckman”.
Certamente isso complementará a minha atuação como líder e gestora.
Abraço.

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