Por que tantas inovações tecnológicas falham?

Em um de meus artigos há cerca de 1 ano atrás descrevi como a tecnologia está impactando o esporte e como ela pode ser um diferencial esportivo e estratégico. A Copa do mundo de futebol passou e continuamos progredindo na adoção de tecnologias no esporte, um lugar que pouco se aproveitava dela.

Neste artigo não pretendo falar sobre esportes ou como esta área vem implementando novas tecnologias, mas estudar casos e aplicá-los em nossa realidade com exemplos práticos e de fácil entendimento de tecnologias que implementamos que são incríveis, maravilhosas no papel e que no fim tornam-se péssimas experiencias. 

Um dos maiores pontos de mudança da tecnologia no esporte foi o VAR (do inglês Video Assistant Referee) que é um árbitro assistente que tem ao seu dispor imagens e vídeos de diversos ângulos para auxiliar as decisões dos juízes de futebol em algumas situações. Essa tecnologia está chamando a atenção no Brasil mas, infelizmente, de forma negativa. Erros são comuns a cada rodada e decisões são tomadas depois de longos tempos de paralisação.

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Quais são os maiores aprendizados que temos nesse estudo de caso?

Interpretação de informações

Em ambientes corporativos, cada vez mais controlados de ponta a ponta e com dashboards com dados cada vez mais complexos, é comum o excesso de input de dados que podem ser mal interpretados ou receber dados estatísticos que fogem da realidade.

Uma pesquisa realizada pela revista americana Science diagnosticou que grande parte dos médicos pesquisados estavam tomando decisões erradas pelo mau uso de dados estatísticos ou por não entender o significado dos próprios números que apresentam. Decisões baseadas em informação estatística podem significar a diferença entre vida e morte, por exemplo, quando um paciente de câncer tem de decidir se passa por um doloroso procedimento médico baseado na possibilidade de que vá ser bem-sucedido.

Devemos saber utilizar os dados corretos e tomar as decisões certas. Nesses casos, excesso de informações ou informações não precisas podem causar danos irreparáveis ao negócio se usadas de forma negligente.

Grandes ideias não prosperam sem boas execuções

Voltando ao exemplo do VAR, podemos identificar diferentes níveis de satisfação entre o nosso futebol e o da Inglaterra, por exemplo. O país que criou as regras do futebol está dando aula na implementação da nova tecnologia. Enquanto aqui vemos interrupções de jogo de quase 10 minutos e diversos erros grotescos, na Inglaterra vemos interrupções menores que 1 minuto e com decisões que dificilmente são tomadas de maneira errônea. 

Por que em alguns lugares uma mesma tecnologia torna-se o sucesso e o fracasso em outras?

A Premier League foi o último dos grandes campeonatos a adotar a medida. A franquia passou dois anos estudando e aprimorando as medidas para que a adoção fosse mais benéfica. Quantas vezes tratamos implementações da tecnologia como um produto de fast-food?

Mudanças devem ser estudadas e aprimoradas para não entregarmos um produto inacabado e cheio de falhas.

Entendendo etapas da adoção de novas tecnologias

Um famoso gráfico elaborado pela empresa americana Gartner chamado Hyper Cycle lista as principais tecnologias de determinados setores e em qual estágio a tecnologia se apresenta. Nele estão representadas os seguintes estágios: 

Innovation trigger (“gatilho da tecnologia”, em tradução livre)
Esta etapa representa o momento em que a tecnologia é amplamente divulgada pela comunidade e os meios de comunicação.

Peak of inflated expectations (“pico de expectativas infladas”, em tradução livre)
Esta etapa representa o auge da popularidade da solução e uma expectativa exagerada da tecnologia.

Trough of disillusionment (“vale da desilusão”, em tradução livre)
Etapa em que as pessoas percebem que a tecnologia não alcançaria suas expectativas naquele momento e percebem que elas estavam exageradas, o famoso “Não eram tudo aquilo que falavam”. 

Slope of enlightenment (ponto de esclarecimento)
Esta etapa é representada pela melhoria dos resultados e uma forma mais madura de entender como, de fato, essa tecnologia pode ser melhor aplicada.

Plateau of productivity (platô de produtividade)
Esta fase representa o momento em que a tecnologia atinge a maturidade e estabilidade para atender da melhor forma a comunidade que consome a tecnologia. Neste momento o produto já passou por diversas melhorias e consegue atender o público com uma expectativa realista.

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Entender as etapas das inovações tecnológicas é importante para entender que elas passam por diversas etapas e que todas são naturais.

Saber identificar essas etapas auxilia que inovações sejam mais controladas em cada um de seus processos, evitando que, por exemplo, elas sejam descontinuadas devido a uma oposição ferrenha à tecnologia quando atingida a etapa do Vale da Desilusão ou que as expectativas se inflem demais na etapa de Pico das Expectativas Infladas.

A adoção de inovações tecnológicas pode transformar qualquer negócio, mas saber executar é tão ou mais importante que somente ter a ideia.

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Victor Hugo Formiga Martins

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Victor Martins possui MBA de Gestão Estratégica de TI pela Fundação Getúlio Vargas, Bacharelado em sistemas da informação pela Unieuro-DF e tecnológico em em Redes de Computadores pelo IESB. Atualmente ocupa o cargo de gerente de contas de TI e acredita que o compartilhamento de informações poderá impactar positivamente a vida profissional de muitos.

MBA | CPRE-FL | TOEFL ITP B2 | Green IT Citizen | DevOps (DEPC) | SCRUM (SFPC) | CREA | Exin DevOps Master


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