São as empresas ou os trabalhadores brasileiros que são pouco produtivos?

Há algum tempo vejo artigos ou até mesmo durante a aula de economia empresarial, no meu MBA, a questão de penalizar o trabalhador brasileiro como não sendo produtivo. Geralmente são as próprias empresas brasileiras que falam isso. Mas estudando melhor o cenário, não é bem assim… De fato o trabalhador no Brasil está muito longe de ser o mais produtivo do mundo, mas as empresas também estão longe de ser um exemplo de performance em produtividade.

Na minha avaliação, ambos – empresas e funcionários, são ineficientes. O que mais observei foi uma aversão em inovar e mudar, de ambos. O trabalhador no geral vai até determinado ponto na busca de conhecimento, fazendo um curso superior e uma pós-graduação, e fica por aí mesmo, o resto ele conta com a experiência do dia a dia. As pessoas que não estão nesse conjunto, são ávidas por conhecimento, continuamente se questionam e sempre conseguem descobrir um método novo que vai ajudar no seu processo produtivo a qual estão inseridas, são as pessoas que têm nas mãos um canivete suíço e sabem utilizar no momento certo cada uma daquelas ferramentas.

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Mas existe a outra vertente, a empresa. Observei que em muitas empresas a tecnologia não é utilizada em nenhum momento no processo produtivo, no máximo uma calculadora para contabilizar ao cliente quanto ele deve pagar. Nessas empresas, ter um computador, aplicativo mobile, sensores IOT, Machine Learning, etc., são formas de inovação que os tornariam diferentes dos concorrentes. Não foi só infraestrutura tecnológica que eu senti falta de ver, um belo exemplo é que para muitas os termos “Governança (COBIT)”, “Gerenciamento de serviços (ITIL)”, “Gerenciamento de modelo de negócio (BPM)”, “Metodologia Ágil (Scrum)”, etc., são assuntos dos quais não tem nem ideia do que sejam. E se sabem, não aplicam; Se aplicam, é de forma errada.

Uma grande empresa não saber quais os gargalos dos seus processos produtivos, não ter ideia do custo para entregar um serviço ou produto, e pior, não planejar no seu planejamento estratégico uma mudança de cima para baixo, para que as boas práticas aconteçam, é pedir para ter uma breve vida como empresa. Muitas vezes os colaboradores que estão fora da curva estão inseridos dentro de empresas que são totalmente avessas a mudanças, e esses colaboradores não vão conseguir ser agentes de mudanças se a mudança maior não vier da estrutura estratégica.

Aos colaboradores que acham que conhecimento tem limite, sinto em lhes dizer, mas o fato é que se vocês não se questionarem para melhorarem todo santo dia, vocês vão ficar para trás e vão fazer parte da estatística que diz que no Brasil as empresas em geral e seus funcionários são ineficientes. Isso é péssimo para nós. Para cada habitante dos EUA, a riqueza gerada por cada um deles é de 55 mil dólares por ano. No Brasil é apenas 8 mil!

Meu objetivo aqui não é causar um furor das classes citadas, mas criar um momento de reflexão para sairmos da inercia a qual nos deparamos todos os dias. É o medo de inovar, mudar e arriscar que faz com que deixemos o Governo ou outras entidades de classe influenciar a população em geral a ficar na inercia e gerar essas estatísticas que criam uma má imagem de todos nós.

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Cleison Ferreira de Melo

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Sou uma pessoa com forte apelo para resolver problemas, com paixão pelo meu trabalho. Não tenho dúvidas que minhas ações é que de fato vão ser copiadas pela minha equipe, prefiro fazer do que apenas falar, é uma forma de mostrar que o resultado gerado é de todos. Por ter uma formação base muito bem estruturada, eu consigo visualizar e ajudar as equipes em todos os níveis. Com a experiência adquirida para uma visão estratégica aguçada, eu consigo desenvolver o melhor método e ajudar as equipes a fluir para essa visão. Desenvolver equipes com um apelo a inovação, liderar equipes, espírito empreendedor e fornecer inspiração para termos transpiração, é o processo que sigo religiosamente todos os dias.


4 Comentários

Renato Fischer
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Na minha opinião, pode não ser diretamente da empresa, mas de superiores aos cargos que poderiam produzir tanto quanto uma empresa internacional. Você gerente, um funcionário começa a ter maior credibilidade exercendo uma função “inferior” e ganhar espaço dentro da empresa, podendo até lhe substituir. Passei por empresas onde o “superior” ou até mesmo dono poderiam incentivar o crescimento, mas quando alguém demonstra capacidade de se igualar ou até mesmo produzir mais que o esperado, se torna um tipo de competição e não incentivo. RH já é ultrapassado, o ideal seria uma gestão e desenvolvimento de pessoas

fernando
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adorei este artigo, “curto & doce”, como deveriamos ser. Em uma experiência recente onde tive a portunidade de trabalhar com profissionais da Noruega, Finlandia e Suécia, fui surpreendido com a seguinte impressão a qual eles tiveram de nós (tupiniquins brasileiros) : ” existem 02 formas de fazer uma atividade, uma forma mais fácil e a outra forma mais difícil, o brasileiro escolhe a forma mais difícil”. Como sabemos, é claro que não é tão simples assim, existem muitas variáveis por trás que nos levam a este comportamento “burro”.

Bruno Oliveira
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Ótimo artigo. Precisamos de mais artigos como esse, que não mostre um lado negativo como a maioria fazem, e sim nos exponha a pensar. Good!

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